A visibilidade bissexual foi instituída na 22ª Conferência Mundial das Internacional Lesbian and Gay Association (ILGA). A escolha da data pelos três ativistas estadunidenses Michael, Gigi e Wndy foi para marcar o dia da morte do primeiro teórico e psicanalista Austríaco que abordou a questão da bissexualidade – Sigmund Freud. Vale lembrar que há 114 anos atrás Freud discorria a respeito da nossa propensão a bissexualidade, mas a apenas 20 anos houve o “reconhecimento” da bissexualidade pela comunidade LGTQI+.
As aspas na palavra “reconhecimento” têm razão de ser, por considerarmos que as opressões na comunidade LGBTQI+ se manifestam de maneiras diferentes. No caso das/os Bis é fruto do padrão monossexual no qual as/os bissexuais não se enquadram, pois amamos e desejamos pessoas independente de gênero ou sexo.
É muito comum na sociedade, como também na comunidade LGTQI+ a invalidação das/os Bis. A esse ato de preconceito, desvalidação e aversão chamamos de bifobia.
Há inúmeros mitos que nos colocam no não lugar, por exemplo: “as pessoas bissexuais não são fieis em relacionamentos monogâmicos”, “não possuem responsabilidade afetiva com o/a parceiro/a”; “são indecisos”; “não assumem a real orientação sexual”; “são fetichizadas pelos parceiros”; “se relacionam com várias pessoas ao mesmo tempo”; “aquelas/os que fazem menage”; “com bissexuais tudo pode”; “não existem bissexuais, e sim sem vergonhas”; “não existe a bifobia”, etc. Não caberiam em palavras as inúmeras formas de invalidação da nossa existência.
Infelizmente são raros os dados sobre nós. Segundo a matéria A importância dos termos “monossexual e “bifobia” para o movimento bissexual de Bruna Andrade na página Geledés, sobre as mulheres bis: ” a saúde mental das bissexuais está atrás da de lésbicas (com 64% de chance a mais de desenvolver um transtorno alimentar, 37% de sofrer com automutilação e 26% de ter um quadro depressivo), 61% das mulheres bissexuais sofrem violência doméstica – estupro, agressão ou perseguição – de parceiros (não, essa não vem apenas de homens cisgênero), e 45% já cogitou ou tentou cometer suicídio”. A sociedade patricarcal, heteronormativa e Cristã trás sofrimentos absurdos a comunidade LGBTQI+. Caber pontuar uma especificidade, há comunidades Cristãs inclusivas que também invisibilizam tanto mulheres quanto homens bissexuais.
Por isso reafirmamos que sim: a bifobia é estrutural e que temos o dever moral de combatê-la. Existimos, resistimos e dizemos: “PELO DIREITO DE SER, VIVER E AMAR”
*Michelle Dias Forão é militante da Resistência/PSOL, do núcleo Marielle Franco de Mulheres do PSOL no ABC e da Frente Evangélica pelo Estado de Direito
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