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BRASIL

Dicionário Colostômico de Bolso

Paulo César de Carvalho
“Para bom entendedor, meia palavra: bos”
(José Paulo Paes)

Bolsonaro não é homem de falar pelos cotovelos: é macho que fala reto, curto e grosso, pelos intestinos. Quando o capitão fala merda, fede. Na geometria fisiológica do discurso intestino, a menor distância entre dois pontos é a reta, isto é, o reto: é assim que as palavras chegam diretamente à sua boca de lobo. Quando Jair abre a boca de fossa, espalha merda para todo lado: a semântica é uma questão anatômica, fisiológica; o sentido é sentido. O dicionário discricionário de Bolsonaro é de bolso, é de bolsa colostômica: as suas poucas palavras são sempre concretas; elas têm peso, cheiro, cor e volume (merda é um substantivo marrom, espesso e fedido). É pior Jair se acostumando com a merda no ventilador: se sabedoria popular fosse mesmo sábia, aliás, saberia que ele está cagando para ela (tanto para ela, a sabedoria, quanto para ele, o povo). Nem precisaria fazer tanta força: quem tem merda na cabeça, quando abre a latrina, caga mesmo na cabeça (e no “olvido”) do outro. Quem só percebeu agora que está na merda, demorou para sentir que a coisa está fedendo faz tempo e ainda vai feder muito mais (se o povo não botar uma rolha na boca colostômica do Bolsonazi): “estar atolado na merda”, infelizmente, não é mera expressão idiomática – quem dera “que merda!” fosse apenas uma interjeição… O poeta já tinha avisado que havia uma merda no meio do caminho: quem não olha por onde anda, caminha na merda; quem não vê onde pisa, pisa na merda. Já estava escrito nos “anais” bíblicos: no princípio era a merda. Messias escreveu (não leu o pau comeu) na tábua dos desmandamentos: levantarás falso testemunho; cobiçarás; roubarás; não amarás; matarás! O inferno é vermelho; a cor da pele do Diabo é vermelha; a camisa dos petralhas é vermelha; a bandeira comunista é vermelha… Eles vão cagar no pau; eles vão se cagar de medo: pau no cu dos vermelhos. Pintem os corações de azul anil; tinjam os cabelos de amarelo; embranqueçam as almas; deixem os cérebros verdes! Cagar vermelho é dar bandeira: caguem verde, amarelo, azul e branco! Perfumem a merda! Deus acima de tudo!

PS: Eis o milagre da multiplicação da merda: contra olfatos, há excrementos!