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BRASIL

Sobre Bolsonaro e a Rede Globo: Uma pequena reflexão sobre a relação do governo com a grande mídia

Vinicius Prado*, de Curitiba (PR)
Reprodução

Bolsonaro, em entrevista durante a campanha eleitoral

Mesmo a Rede Globo tendo cumprido papel importante no golpe que criou as condições para que Bolsonaro chegasse ao poder, mesmo a Globo tendo atacado seu principal adversário durante a campanha, Bolsonaro, para criar um ar antissistêmico e também para agradar os aliados evangélicos, construiu um discurso anti-Globo, e anti grande mídia em geral.

O que, na verdade, é uma grande mentira, pois se olharmos a atuação da grande mídia, ela tem sido favorável as principais pautas do governo, como a reforma da Previdência, por exemplo.

Mas eles batem no Bolsonaro? Sim, diante de tantos absurdos que esse governo tem cometido é inevitável que porradas sejam dadas, mas no cerne do projeto econômico de retirada de direitos dos trabalhadores e da juventude, grande mídia e governo caminham lado a lado. 

Mas e o Bolsonaro não tem cortado verbas da Globo?

Houve um aumento de 63% nas verbas publicitárias do governo federal, e vejamos como ela foi distribuída entre as grandes emissoras em um comparativo do primeiro trimestre deste ano com o mesmo período do ano passado.

“Em 2018, o padrão se manteve. A Globo faturou R$ 5,93 milhões nos três primeiros meses do ano. Em segundo lugar ficou a Record, com R$ 1,308 milhão. Em terceiro ficou o SBT com R$ 1,1 milhão.

Em 2019, o padrão mudou. Em primeiro lugar ficou a Record, com R$ 10,3 milhões. Em segundo, veio o SBT, com R$ 7,3 milhões. Em terceiro veio a Globo, com R$ 7,07 milhões.”
(Folha de S. Paulo)

Como podemos ver, Bolsonaro apesar de todo seu discurso, não fez nenhum ataque ao orçamento público destinado a nenhuma das grandes empresas de comunicação do país. Mesmo tendo dado um generoso aumento aos seus aliados mais diretos, que comandam a Record e o SBT, a verba publicitária da Rede Globo, emissora a qual ele diz enfrentar os interesses, teve um aumento de mais de R$ 1 milhão, em relação ao mesmo período do ano anterior.

A relação de Bolsonaro com a grande mídia é só mais um exemplo de que em seu governo não há nada de anti establishment. Ele segue procurando fortalecer seus aliados mais próximos, mas sem enfrentar os interesses daqueles grupos econômicos e políticos que sempre estiveram no controle do poder público e da grande mídia no Brasil.

 

Vinícius Prado é historiador, mestre em educação, militante da Resistência/PSOL e membro da Executiva Estadual da CSP-Conlutas/PR

 

Marcado como:
midia / rede globo