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MUNDO

Imigração: cresce a resistência aos crimes de Trump

Rogério Freitas
Kisha Bari / familiesbelongtogether.org

Nenhum ser humano é ilegal no mundo. Mas esse pensamento não é unanime. A imigração mundial é um tema de prioridade para a esquerda mundial. Um dos epicentros deste assunto tem sido os Estados Unidos. O último episódio lamentável no país ocorreu essa semana (quinta-feira, 18 de Julho de 2019) em Washington. A polícia do Capitólio (centro legistalivo do governo onde ocorrem reuniões do Senado e da Câmara) prendeu cerca de 70 pessoas depois de uma manifestação pacífica contra as políticas de imigração do Governo Trump. O protesto pacífico foi organizado pelo grupo Franciscan Action Network, de católicos em prol dos direitos humanos. Além deste grupo participaram outras associações e ativistas que protestavam contra a violação das liberdades e indignados com o tratamento desumano da administração Trump com os imigrantes requerentes de asilo no país. 

Os manifestantes reuniram-se no capitólio mostrando as fotografias e recitando nomes de crianças imigrantes que morreram nos novos campos de concentração dos EUA. Dentre os manifestantes presos, a freira Pat Murphy de 90 anos, integrante das Irmãs da Misericórdia. A irmã Pat Murphy que deu  entrevista a emissora ABC relata que a situação que os EUA chegou é imoral. Ela diz que “Estes são nossos irmãos e irmãs e fazem parte da família humana”, “É uma situação horrível que está acontecendo agora”. 

Nesta semana Trump atacou com várias mensagens racistas no twitter as parlamentares democratas Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York, Ilhan Omar, de Minnesota, Ayanna S. Pressley, de Massachusetts, e Rashida Tlaib, de Michigan. Desde o início dos seus mandatos elas estão sendo uma pedra no meio do caminho de Trump, do seu partido Republicano e também do próprio Partido Democrata, porque pautam questões como educação e saúde para todos, assim como a abolição da polícia de imigração (ICE). Em resposta aos ataques de Trump, Alexandria Ocasio-Cortez  disse: “Você está com raiva porque não consegue conceber uma América que nos inclua. Você confia em uma América assustada por sua pilhagem. Você não aceita uma nação que considera a saúde como um direito ou a educação como prioridade número 1, especialmente porque estamos lutando por isso”.

Existem pelo menos dois motivos para as recentes atitudes xenofóbicas de Trump. O primeiro refere-se a repetida aposta da pauta racista para as próximas eleições como estratégia eleitoral para “tornar a América branca outra vez”. O segundo relaciona-se a aprofundar a imigração como um negócio rentável para empresas e capital financeiro nos EUA. 

Sobre o segundo motivo Wendy Sawyer, analista sênior de políticas na Prison Policy Initiative, autora dos relatórios de 2018 sobre encarceramento da Juventude; e Peter Wagner, advogado e co-fundou a Prison Policy Initiative em 2001, esclarecem dizem que: “Os detidos da ICE estão fisicamente confinados em instalações de detenção de imigrantes administradas pelo governo federal ou de gestão privada, ou em prisões locais sob contrato privado com a ICE. Um adicional de 11.800 crianças desacompanhadas são mantidas sob a custódia do Escritório de Reassentamento de Refugiados (ORR), aguardando colocação com os pais, familiares ou amigos. Embora essas crianças não sejam detidas por qualquer delito criminal ou delinquente, a maioria delas é mantida em abrigos ou mesmo em instalações de colocação de menores sob condições de detenção” (ver relatório)

Muitas prisões são alugadas para empresas com contratos para operar serviços prisionais de alimentação, saúde, telecomunicações, video-conferência, atendimento medico, comida extra: tudo por conta dos presos e suas famílias. Os preços são exorbitantes de qualquer destes serviços e o comprometimento da renda dos presos e de suas famílias é cada vez maior. Outro dado interessante é o da Global Research sobre a rentabilidade das empresas de tecnologia sobre a exploração da mão de obra encarcerada: “Pelo menos 37 estados legalizaram a contratação de mão de obra prisional por corporações privadas que montam suas operações dentro das prisões estaduais. A lista dessas empresas contém a nata da sociedade corporativa dos EUA: IBM, Boeing, Motorola, Microsoft, AT & T, Wireless, Texas Instruments, Dell, Compaq, Honeywell, Hewlett-Packard, Nortel, Lucent Technologies, 3Com, Intel, Northern Telecom, TWA, Nordstrom’s, Revlon, Macy’s, Pierre Cardin, Target Stores e muitos mais”. Por fim, afirmam ainda que em alguns estados como no Colorado, os presos ganham miseráveis 2 dólares por hora de trabalho.

O discurso de ódio de Trump aos imigrantes esconde interesses escusos da classe capitalista mundial. Esse discurso representa um todo articulado que vê no racismo, na exploração e no poder uma via da reorganização da ultradireita mundial. A exploração do trabalho de encarcerados e imigrantes significa o lucro das empresas transnacionais e tecnológicas. 

O desafio neste momento é construir muitas pontes para escoar a resistência e destruir qualquer muro que impeça a Liberdade. 

Toda a solidariedade, 

, a freira Pat Murphy e seus companheiros de luta.

, as parlamentares americanas Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, Ayanna S. Pressley, e Rashida Tlaib, de Michigan.

, a todas as crianças, mães e familiares detidos nos campos de concentração dos EUA.

Ninguém é ilegal no mundo! 

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imigração / trump