Sobre as manifestações de apoio à Lava Jato: como está o embate nas ruas?

Gibran Jordão
Manifestantes fazem ato pró-Bolsonaro, em defesa da Lava Jato, do ministro Sergio Moro, pela aprovação da reforma da Previdência e do pacote anticrime, em frente ao Congresso Nacional, Brasília.Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Manifestantes fazem ato pró-Bolsonaro, em defesa da Lava Jato, do ministro Sergio Moro, pela aprovação da reforma da Previdência e do pacote anticrime, em frente ao Congresso Nacional, Brasília.Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Nesse dia 30 de junho, houve manifestações em várias cidades do país em defesa da Lava Jato e do Ministro Sérgio Moro. As manifestações aconteceram em 88 cidades dos 26 estados, mais Distrito Federal. Foram convocadas pelo MBL e por outros grupos de extrema-direita, como NAS RUAS, Vem Pra Rua, entre outros. A motivação se deu após o vazamento das mensagens trocadas entre os procuradores da força tarefa da Lava Jato e o atual ministro, na época juiz, Sergio Moro, publicadas pelo The Intercept. Essas manifestações também tinham na pauta a defesa do governo, da reforma da previdência e do pacote anticrime.

As manifestações desse último domingo, comparadas com as manifestações do dia 26 de maio, que também foram em defesa do governo Bolsonaro, atingiram bem menos cidades e as imagens mostram também que o público não foi insignificante, mas no geral foi menor. Segundo os dados do G1, no dia 26 de maio as manifestações atingiram 156 cidades em 26 estados, mais Distrito federal. Ou seja, houve uma queda de uma manifestação à outra de quase metade em relação ao numero de cidades atingidas.

E, se compararmos o alcance das manifestações pró-governo com as manifestações de oposição, vamos notar que as manifestações em defesa da educação e contra a reforma da previdência atingiram mais cidades que as manifestações em defesa de Bolsonaro, da Lava Jato e da reforma da previdência. Segundo os numeros apresentados pelo G1: Manifestação do dia 15 de maio( Oposição): 222 cidades nos 26 estados / 26 de maio( Pró Governo): 156 cidades em 26 estados. Manifestações do dia 30 de Maio( Oposição): 136 cidades em 26 estados. Manifestação do dia 30 de junho( Pró Governo): 88 cidades em 26 estados.

Em relação à greve geral: manifestações e protestos em 189 cidades nos 26 estados. E 111 cidades registraram paralisação de algum tipo de serviço. Nas 26 capitais mais DF, foi registrado paralisação de algum modal de transporte em 21 capitais.

É importante observar que, nesse primeiro semestre, as manifestações dirigidas pelas forças de oposição atingiram mais cidades, consequentemente, têm tido um alcance maior. Somado a esses dados, a última pesquisa Ibope demonstrou uma curva decrescente que se desenvolve de forma lenta e gradual em relação ao apoio ao governo.

Tudo isso, significa que a crise econômica, o mal estar social (desemprego e queda do consumo) e as revelações da #vazajato têm feito algum estrago na base de apoio do governo e aliados, em especial o ministro Sergio Moro e a Lava Jato.

Mas é importante destacar um elemento para não corrermos o risco de sermos impressionistas com esses dados. Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que, embora o governo não viva um bom momento, ainda goza de importante apoio popular. Segundo o IBOPE, ⅓ da opinião pública apoia o governo, ⅓ está descontente e acha o governo regular, e ⅓ já está decididamente na oposição. As pesquisas de opinião sobre o apoio à reforma da previdência também demonstram uma divisão na opinião pública sobre a necessidade, ou não, da aprovação da reforma. Bem como, embora sofrendo um desgaste permanente com as revelações do Intercept, o ministro Sergio Moro ainda é a figura mais apoiada no governo pela opinião pública.

Além disso, não deixa de ser uma novidade política no país, manifestações de rua, conjunturalmente maiores ou menores, em defesa de um governo de extrema-direita e da sua pauta. Um sinal muito grave de que a luta de classes segue acirrada no país, e que Bolsonaro ainda tem forte apoio social, que a depender dos próximos desenlaces, poderá aumentar ou diminuir ainda mais.

Dois elementos jogam contra o governo, as publicações da #vazajato estão longe de terminar, como também a crise economica não tem perspectiva de ser revertida num espaço curto de tempo. No mês de julho, durante o congresso da UNE, em Brasilia, já tem manifestações marcadas em defesa da educação e contra a reforma da previdência. Como também as centrais sindicais e movimentos sociais preparam um calendário de lutas para agosto. No primeiro semestre desse ano, embora ainda tenha muito apoio popular, os dados mostram que a oposição teve uma pequena, mas importante vantagem nas ruas. Vamos ver agora como será o segundo semestre e os embates que estão por vir. O governo vai seguir em queda livre, ou vai conseguir reverter esse processo? Isso só a luta de classes dirá…