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Com Bolsonaro no governo, a desigualdade de renda no Brasil atinge seu pior patamar

André Freire

Historiador e membro da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL

Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE-FGV), a desigualdade de renda entre os brasileiros atingiu seu pior patamar no primeiro trimestre de 2019, primeiros meses do governo Bolsonaro.

O IBRE-FGV utiliza o índice Gini para medir a desigualdade de renda. Este índice organiza um ranking de 0 a 1, onde quanto mais próximo de 1, mais um país é desigual. O Brasil atingiu, nos primeiros três meses do governo de Bolsonaro, um índice Gini de 0,62, o maior da série histórica em nosso país, que começou a ser calculada em 2012.

Na verdade, desde 2015, início do período de maior crise econômica, o Brasil vem piorando sucessivamente em matéria de desigualdade de renda.

Os mais pobres são os que mais sofrem

Segundo o mesmo estudo, no Brasil são justamente os pobres que mais perdem com a situação de crise econômica e de ampliação da desigualdade.

Nos últimos 7 anos, por exemplo, a renda acumulada dos mais ricos cresceu 8,5%, apesar da crise econômica. Enquanto isso, no mesmo período, a renda dos mais pobres caiu 14%.

A partir da crise econômica de 2015, a situação vem piorando ainda mais para o povo trabalhador. Neste período, os mais pobres viram sua renda cair 20%, enquanto os mais ricos tiveram um aumento de 3,3% na sua renda.

Antes da crise econômica, o resultado era diferente, ambos setores estavam aumentando sua renda, só que os mais ricos viram sua renda crescer 5% e os mais pobres 10%.

Segundo pesquisadores do IBRE-FGV, um dos fatores principais que explicam que sejam os mais pobres que mais perdem e que mais demoram para recuperar a sua renda é o crescimento do desemprego em nosso país.

No primeiro trimestre de 2019, segundo o IBGE, novamente o desemprego cresceu na maioria dos Estados brasileiros. Infelizmente, essa terrível situação não parece que vai melhorar no atual governo.

Brasil: 9º país mais desigual do planeta

A evolução da renda da população é um dos elementos mais importantes para medir a desigualdade social em um determinado país.

Em nosso país, não podia ser diferente. Segundo estudo da Oxfan Brasil, como a desigualdade de renda voltou a crescer entre os anos de 2016 e 2017, o Brasil piorou sua colocação no ranking desta organização não-governamental.

A partir do final do ano passado, segundo este estudo, o Brasil chegou à vergonhosa posição de nono país mais desigual do mundo.

Por uma reforma tributária que enfrente os privilégios e diminua a desigualdade

A saída para esta terrível situação é inverter as atuais “regras do jogo”, vigentes em nosso país.

Muito diferente do que defendem o governo Bolsonaro e a maioria reacionária e corrupta do Congresso Nacional, os ricos e poderosos precisam começar a perder, para que a maioria do povo possa viver, pelo menos, uma pequena melhora em seu nível de vida.

Para avançar numa política efetiva de combate à injustiça social, histórica em nosso país, precisamos de uma reforma tributária que de fato combata os privilégios dos mais ricos.

É urgente a criação de impostos progressivos que sobretaxem as grandes fortunas e os lucros exorbitantes de bancos e empresas.

As dívidas, que somam mais de 500 bilhões de reais, de grandes empresas com a Previdência Social, devem ser imediatamente cobradas.

Deve-se realizar, finalmente, uma auditoria transparente da dívida pública, suspendendo o pagamento dos atuais valores astronômicos, gerados por juros ilegais e ilegítimos, especialmente relativos à dívida interna de grandes especuladores financeiros.

E, acabar com as inserções e renúncias fiscais, que vêm transferindo para o grande capital privado, todo ano, uma grande parte das verbas que fazem falta para os investimentos públicos nas áreas sociais.

Apenas a adoção de medidas contundentes como estas poderá realmente combater a desigualdade social no Brasil.

Entretanto, para construirmos as condições necessárias para conseguirmos efetivamente aplicá-las, devemos, cada vez mais, unificar as nossas mobilização atuais, lutando para derrotar o governo Bolsonaro nas ruas.

Marcado como:
desigualdade social