Segundo pesquisas de boca de urna, o ator e humorista Volodímir Zelenski, de 41 anos, será o novo presidente da Ucrânia. As pesquisas indicam que o humorista venceu o segundo turno das eleições com cerca de 73% dos votos válidos contra menos de 25% do candidato a reeleição e atual presidente, o oligarca Petro Poroshenko.
Como é comum na Europa, as eleições na Ucrânia são feitas de modo manual, em cédulas de papel. Portanto, somente dentro de alguns dias é que saberemos os resultados oficiais.
Zelenski venceu com o discurso antissistema típico dos outsiders. Segundo a Deutsche Welle apurou, ele é visto como uma nulidade política, sem qualquer conhecimento sobre nada, conforme trecho do repórter Roman Goncharenko: “[…] críticos temem que a inexperiência de Zelensky leve o país a uma crise. Alguns advertem para uma traiçoeira vingança das forças ligadas ao ex-presidente Viktor Yanukovych, atualmente exilado na Rússia.”
O Governo Poroshenko foi abalado nos últimos anos por fortes escândalos de corrupção, algo infelizmente comum na Ucrânia. Poroshenko representa a Direita Conservadora Ucraniana. Faz parte da política pró-União Europeia. Ele chegou ao poder em 2014, após Yanukovych fugir para a Rússia, ante o movimento Euromaidan (1).
Como um país semipresidencialista, o presidente nomeia o primeiro-ministro, bem como seu gabinete, porém estes só saem do poder com anuência do Parlamento. Porém, o presidente pode dissolver o Parlamento e chamar novas eleições para este.
O medo com a provável vitória de Zelenski não é totalmente infundado. Deixar a Ucrânia ingovernável pode estimular o presidente da Rússia, o Neo-Tsar Vladmir Putin, a continuar sua política imperialista ante Kiev.
Desde 2014, principalmente depois da Anexação da Península da Crimeia e as “independências” de Donetsk e Lugansk, a política externa da Ucrânia se baseia em ser pró-EU, ou pró-Rússia. Como Zelenski é uma nulidade política, não se sabe quais serão suas ideias sobre política externa. Zelenski só foi presidente da Ucrânia em uma famosa série de humor do país, série essa que o deixou “famoso”. A vida imitando a arte.
Agora resta esperar as próximas eleições parlamentares, para se ter ideia dos rumos que a Ucrânia terá pelos próximos anos, e mais importante, qual será a sua relação com a beligerante vizinha russa.
NOTAS
1 – Foi uma onda de manifestações nacionalistas e de agitação civil em andamento na Ucrânia, que começou na noite de 21/11/2013, com protestos públicos exigindo uma maior integração da Ucrânia na União Europeia. O escopo dos protestos evoluiu desde então, com muitos apelos para a renúncia do presidente Viktor Yanukovytch e de seu governo. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Euromaidan)
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