MEC: cai Vélez e amigo dos bancos é nomeado

Kelly Santos, de Itabaiana, SE
EBC

O governo de Jair Messias Bolsonaro está colocando em prática no país uma agenda neoliberal e reacionária no campo ideológico. Setores como os direitos trabalhistas e educação estão sendo os principais alvos e estão na mira do novo governo.

Quando Bolsonaro fez a escolha por Ricardo Vélez, queridinho de Olavo de Carvalho, para a pasta do Ministério de Educação não foi à toa, pois ele representa tudo o que é esse governo: intolerante, repressor e um árduo trabalhador em prol do capital.

Nos três meses que esteve à frente do MEC, Vélez se envolveu em uma série de polêmicas, além de se estranhar com a ala militar do governo, congelando as ações do Ministério, que ficaram reduzidas às toscas e reacionárias declarações do ex-ministro. Vélez entre muitos absurdos defendeu que professores filmassem as crianças de colégios de todo o Brasil cantando o hino, afirmou que a ditadura militar e o Golpe de 1964 não aconteceram e disse que as Universidades deveriam pertencer a uma elite intelectual. Diante de tantos atritos já era esperado que Vélez fosse tirado do cargo de Ministro da Educação. Coisa que se confirmou nesta segunda-feira (8).

Sua exoneração é a segunda do atual governo e veio em um momento de crise do MEC. Desde janeiro que o ministério vem passando por diversos problemas, dentre eles, a incapacidade de Vélez de dar um rumo para os problemas da educação brasileira, além das propostas absurdas, que além das citadas acima, podem-se somar a feita por meio de um edital no mês janeiro que excluía a obrigatoriedade de referências bibliográficas em livros didáticos.

Para o seu lugar, Bolsonaro anunciou Abraham Weintraub. O capitão da reserva, como sempre, soltou mais uma de suas Fake News, afirmando que Weintraub tem título de doutor, fato que não é verdade. O novo Ministro da Educação é economista e atuou como executivo do mercado financeiro por mais de 20 anos, tendo sido diretor do Banco Votorantin, conselheiro da Ancord e sócio da Quest Investimentos. Hoje ele dá aula na UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) de Guarulhos, onde se tornou conhecido pelo seu ferrenho discurso anti-comunista e anti-esquerda, no melhor estilo Olavo de Carvalho, além de ter realizados processos contra estudantes da universidade. Além disso, Weintraub fez parte da equipe do governo de transição, junto com seu irmão atuando na área da previdência com o economista Paulo Guedes.

A nomeação de Weintraub é um exemplo do modelo que o governo Bolsonaro quer para a educação. Privatizações, ensino tecnicista que não proporciona uma visão crítica sobre a realidade e uma caça aberta aos vermelhos. A inoperância da gestão Vélez tenta ser superada colocando um amigo dos bancos. Um representante do mercado financeiro com ideologias reacionárias e olavistas vai comandar o MEC.

Enquanto no andar de cima existe uma confusão, é preciso que nós passemos a nos organizar. Bolsonaro, Weintraub e todos os inimigos da educação podem ter certeza, os estudantes, os professores e os técnicos administrativos não irão deixar de lutar um dia sequer em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.  Nas universidades e escolas serão criadas grandes muralhas contra a extrema-direita para barrar os retrocessos, as privatizações e a censura na sala de aula.