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BRASIL

Prisão de Temer: Crise intensa no andar de cima

Evandro J. Castagna, de Curitiba, PR
Tomaz Silva/Agência Brasil

O ex-ministro Moreira Franco chega na Superintendência Regional da Polícia Federal, no Rio de Janeiro.

Intensifica-se a crise interburguesa expressa nas principais instituições do regime. De um lado, o STF e o parlamento. Do outro, o Executivo e a Lava Jato. As prisões, em forma de espetáculo midiático, de Beto Richa e agora de Temer e Moreira Franco estão diretamente ligadas a ela.
Essa crise é positiva para nós trabalhadores na medida em que fragiliza nossos inimigos e abre a possibilidade de atuarmos de forma mais contundente na luta contra a reforma da Previdência. Nossa resposta precisa ser unitária e rápida.
A origem da crise, dentre outros fatores, foi o impedimento por parte do STF da liberação de R$ 2,5 bilhões para a Lava Jato e a CPI que investiga Fake News por parte de apoiadores da operação ligados à Bolsonaro contra o Supremo. Joice Hasselman chegou ameaçar o STF com intervenção militar constitucional e anda batendo continência na Assembleia Legislativa.
É preciso reforçar que as Fake News jamais cessaram. Seguem no pós eleições pelo WhatsApp contaminado a política nacional semeando mentiras principalmente das organizações populares.
Rodrigo Maia chamou Sergio Moro de empregado de Bolsonaro e não deu atenção sobre seu pacote anticrime, que libera a polícia pra matar pobre, e um dia depois seu sogro, Moreira Franco, foi preso. Gilmar Mendes chamou Dallagnol de moleque e um dia depois Beto Richa, seu pupilo, foi preso no Paraná.
Essa crise poderá desembocar em um enfraquecimento da Lava Jato ou do STF. Um fortalecimento da Lava Jato significará um endurecimento ainda maior do regime. A medição de forças se dará no dia 07 de abril em que o bolsonarismo chama um protesto pedindo impeachment do STF.
Não esqueçamos que o próprio STF fez vistas grossas ao autoritarismo da Lava Jato enquanto punia o PT e seus aliados. Agora prova do próprio veneno. Essas prisões da Lava Jato podem forçar o STF a um posicionamento antipopular, na defesa de Temer e Moreira, o desmoralizando ainda mais perante as massas.
Tudo isso ocorre enquanto Bolsonaro lambia as botas e entregava a chave de nosso país a Trump nos EUA. Uma vergonhosa submissão que certamente já entrou pra história.
Mas não nos enganemos, tanto a Lava Jato e Bolsonaro, quanto o STF e César Maia estão juntos defendendo os ataques que os trabalhadores vêm sofrendo a pelo menos quatro anos, como a PEC55, a Reforma Trabalhista e agora, a Reforma da Previdência.
Temer e Moreira Franco não foram presos por conta dos ataques que dirigiram à classe trabalhadora através das reformas e a PEC 55. Richa não foi preso pela violência e saque do Paraná Previdência que impulsionou contra os professores e demais servidores.
Nossa única saída é construir a unidade da classe trabalhadora para resistir nas ruas. Não podemos esperar a resolução desta crise entre nossos inimigos. A data de uma greve geral precisa ser apontada pelas centrais e construída pela base.