Em janeiro, o ex-deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) se refugiou na Espanha para não ser assassinado, após incontáveis ameaças. Ainda após a eleição, Jean já alertava para a grande quantidade de mentiras inventadas contra ele. “Eu resisti a um ataque sem precedentes a um candidato. Só o candidato à presidência Fernando Haddad foi quase difamado como eu fui. Ninguém foi tão difamado como eu”, disse o parlamentar. As fake news contribuíram também para o aumento das ameaças e do ódio contra ele. Mas não pararam com a sua renúncia. Imediatamente começaram a circular nas redes sociais novas fake news contra Jean, além das antigas. Abaixo listamos as cinco mentiras sobre ele que tentam fazer você acreditar.
1 – Jean Wyllys não tinha reais motivos para sair do país
Mentira. Jean andava com escolta policial desde março de 2018 e as pessoas que o ameaçavam sabiam endereços e placas de carro dele e de seus familiares. As ameaças se estenderam a seus familiares. Um membro da quadrilha que queria matá-lo chegou a visitar a Câmara dos Deputados para testar o sistema de segurança do local. Depois da morte da vereadora Marielle Franco a coisa piorou. As ameaças não são apenas bravatas de internet. Foram cinco inquéritos abertos pela Polícia Federal nos dois últimos anos. Jean corre risco de morte e por isso vivia como se estivesse “em cárcere”, isolado dos demais. Não tendo garantias de vida por parte do Estado e vendo o aumento da intolerância e das relações das milícias com o estado, resolveu se proteger, deixando o país.
2 – Jean teria ligações com o homem que tentou matar Bolsonaro
Mentira. Esta fake news começou logo após a decisão de Jean Wyllys de deixar o país. Tenta apontar Jean como o mandante do atentado e que estaria deixando o país com medo de ser preso por isso. Mas não há sequer inquérito policial que ligue Jean Wyllys a Adélio Bispo, homem que esfaqueou Bolsonaro no ano passado. Adélio chegou a ser filiado ao PSOL, mas pediu desfiliação em 2014. Ele chegou a visitar a Câmara dos Deputados em 2013, mas não se sabe se visitou algum gabinete. O boato surgiu depois de uma série de notícias falsas. Nenhuma delas cita uma fonte confiável, a maioria é cheia de erros (sequer conseguem escrever o nome do deputado direito) e nenhuma acertou o país em que Jean está.
A acusação caluniosa, feita também por Lobão, logo se transformou na hashtag #InvestigarJeanWillis.
Outra mentira diz que Jean estaria fugindo para não ser preso por “desvio de dinheiro”. A acusação não diz que desvio seria esse nem qual é a denúncia. Apenas tenta esconder a gravidade que é um deputado ter que deixar o país para seguir vivo.
3 – Jean Wyllys defenderia a pedofilia
Mentira. Os absurdos criados por pessoas mal intencionadas não têm limites. Uma notícia falsa relata uma suposta entrevista na rádio CBN na qual o deputado teria elogiado a pedofilia. O deputado nega a entrevista. O áudio dessa suposta declaração não existe. A própria rádio CBN desmentiu o boato.
Trata-se de mais uma tentativa absurda de associar a homossexualidade e a esquerda com a pedofilia. Como na montagem grosseira que chegou a circular associando ele e a deputada Maria do Rosário como autores de um projeto que “descriminalizaria a pedofilia”.
Jean também foi acusado de dizer que o “casamento infantil islâmico” é algo normal. Nesse caso, os mentirosos chegaram a falsificar uma postagem no perfil de Jean no Twitter de Jean. A montagem foi tão tosca que o suposto “tweet” tinha mais de 140 caracteres, acima do que a rede social aceitava na época.
4 – O deputado teria declarado guerra ao cristianismo
Mentira. Essa é bem conhecida. Há boatos de que ele chamou os cristãos de “palhaços”, propôs “emenda à Bíblia”, entre outros absurdos. Jean é um defensor da livre manifestação de todas as religiões e gravou um vídeo sobre isto. Não há nenhuma gravação, registro oficial ou postagem em rede social em que Jean Wyllys ofenda a religião cristã ou qualquer outra.
5 – Jean Wyllys nunca teria trabalhado na vida
Mentira. Filho de uma lavadeira, o ex-deputado trabalha desde a infância, quando tinha que vender algodão doce na rua para ajudar no sustento da família. Foi selecionado para estudar na Fundação José Carvalho, dedicada ao ensino de crianças com inteligência acima da média. Ele se formou em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, fez pós-graduação e foi professor universitário.
A mesma fake news afirma que Jean teria se aproveitado da fama de “Big Brother” para entrar na política. Antes de participar do “Big Brother Brasil” ele havia sido ativista nas Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica e depois no movimento LGBT.
DENUNCIE – O PSOL acionou o seu departamento jurídico e recebe denúncias contra Fake News e ameaças a Jean Wyllys. O primeiro e-mail divulgado não suportou a quantidade de denúncias recebidas. Um novo endereço foi criado. Anote: [email protected]
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
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