Na última semana repercutiu na mídia alternativa a greve geral de dois dias que aconteceu na Índia. No Brasil, nenhum comentário na grande mídia.
Uma Convenção Nacional da Classe Trabalhadora envolvendo a INTUC, AITUC, HMS, CITU, AIUTUC, TUCC, SEWA, AICCTU, LPF e UTUC convocou a greve e aprovou uma carta de 12 reivindicações dirigidas ao Governo Narendra Modi, eleito em 2014. Dentre as principais reivindicações estão o cancelamento das emendas as Leis Sindicais que atacam a organização sindical e proteção ao trabalho, aumento do salário mínimo e fim das privatizações.
Segundo os sindicatos, foram mobilizados mais de 150 milhões de trabalhadores, alguns chegam afirmam 200 milhões. Com esses números pode ser considerada a maior greve da história em número de aderentes, a segunda sob o governo Narendra Modi, sendo que a primeira foi em 6 de setembro de 2016. Apenas uma central retirou-se da greve nacional: o Bharatiya Mazdoor Sangh (BMS), dirigido pelo grupo nacionalista hindu Rashtriya Swayamsevak Sangh, mesmo partido do governo.
Segundo Amarjeet Kaur, do AITUC, a greve paralisou praticamente oito estados, principalmente no nordeste, Kerala, Bihar e Goa. As centrais sindicais e sindicatos ameaçaram seguir a greve por tempo indefinido, caso o governo não atendesse às reivindicações.
A aplicação da política “nacionalista” e economia ultraliberal do governo Modi levou a considerável piora das condições de vida da classe trabalhadora, da juventude, das mulheres e no campo. Todos estes setores têm se mobilizado contra o governo do Bharatiya Janata Party (BJP), partido nacionalista hindu, de centro-direita, sob a liderança de Narendra Modi que foi eleito com a promessa de criação de 10 milhões de empregos por ano e “Vikas” (progresso). Entretanto, nenhuma de suas promessas foram realizadas, ao contrário, as condições de vida só pioraram.
Nos últimos anos as mobilizações têm crescido e o sucesso desta greve geral deve também a grande adesão dos estudantes que há anos tem realizado protestos contra a política educacional do governo e dos pequenos agricultores.
Após uma onda de vitórias no sul asiático de partidos de extrema-direita com discursos de ordem, contra a corrupção, de caráter “nacionalista” e políticas ultraliberais, grandes mobilizações na Índia, Paquistão e Bangladesh demonstram uma importante resistência e a possibilidade de movimentos que podem alterar a geopolítica desta região com efeitos em todo mundo.
Assim, ganham muita importância os próximos passos a serem dados pelo movimento após esta greve geral na Índia, já que podem afetar significativamente o resultado das eleições previstas para abril ou maio deste ano. Uma derrota do governo modificaria bastante o quadro da luta de classes e da própria geopolítica na região.
O movimento operário e a esquerda socialista devem acompanhar atentamente estes acontecimentos.
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