Trump anuncia nova medida contra os direitos dos imigrantes
Publicado em: 2 de novembro de 2018
O presidente norte-americano Donald Trump, em entrevista ao site Axios, fez declarações prometendo novas medidas em sua luta contra os imigrantes. “Somos o único país do mundo onde uma pessoa vem e tem um bebê, e esse bebê é essencialmente um cidadão dos Estados Unidos durante 85 anos, com todos os benefícios. É ridículo. É ridículo. E tem que acabar”, disse o presidente.
Vale ressaltar que a afirmação de que os Estados Unidos são o único país a conceder este direito aos imigrantes é mais uma declaração falsa do governante norte-americano. Ao longo do globo mais de 30 países reconhecem cidadania para filhos de imigrantes, entre eles o Brasil.
Trump pretende eliminar por meio de ordem executiva o direito das crianças nascidas nos Estados Unidos e filhas de pais estrangeiros adquirirem a cidadania norte-americana. A Constituição dos Estados Unidos reconhece há 150 anos o direito de cidadania que Trump quer suprimir por meio de uma canetada.
O anúncio de Trump gerou um grande debate constitucional acerca da legitimidade do ato. Muitos especialistas opinam que a ordem executiva que Trump quer utilizar para acabar com o direito dos imigrantes é inconstitucional. Para ter legitimidade a proposta de Trump teria que ser aprovada no Congresso, um caminho mais duro e difícil que possivelmente levaria a derrota da medida.
Militares para reprimir imigrantes: a Operação Patriota Fiel
A entrevista de Trump acontece um dia depois de o presidente informar que enviará mais de 5.000 soldados para a fronteira com o México para impedir a entrada da caravana de migrantes centro-americanos que atravessa o país vizinho em direção a fronteira para pedir asilo. O Pentágono anunciou na segunda-feira (29) que 5.200 soldados se somarão aos 2.092 membros da Guarda Nacional que já estavam mobilizados desde abril.
A caravana que começou em Honduras conta com cerca de 7.000 migrantes de países da América Central e tem a meta de chegar nos Estados Unidos. Milhares de pessoas, mulheres, crianças e idosos caminham em velocidade assombrosa durante dias inteiros sob o calor do sol mexicano, às vezes durante a noite, para alcançar a fronteira. A fome, o medo e a repressão fazem parte do dia-a-dia destes imigrantes, que carregam seus poucos pertences, muitas vezes somente a roupa do corpo, e contam com o apoio da população solidária. Agora estes também têm que lidar com as ameaças do presidente norte-americano.
Trump ameaçou cortar a ajuda externa aos países da América Central por não impedirem por meio da força a jornada dos imigrantes. O presidente afirmou que os migrantes eram invasores, fazendo ameaças bélicas para estes: “Há muitos membros de gangues e pessoas muito más misturadas na caravana que se dirige à nossa fronteira sul. Por favor, voltem, não serão admitidos nos Estados Unidos, a menos que sigam o processo legal”, escreveu ele no Twitter, que ainda completou: “Esta é uma invasão de nosso país e nosso Exército está esperando vocês!”.
A atividade militar, batizada como Operação Patriota Fiel, tem como nítido propósito intimidar os imigrantes, que ainda estão longe das fronteiras, fazendo com que estes optem por se estabelecer no México. O governo deste país diz ter recebido cerca de 2.700 pedidos de refúgio.
Os presidentes antecessores de Trump, o democrata Barack Obama e o republicano George W. Bush, chegaram a autorizar o deslocamento da Guarda Nacional para a fronteira. Em 2006, Bush, mandou cerca de 6.000 soldados após um pico de imigração. Obama, por sua vez, em 2010 enviou 1.200 para conter imigrantes que entravam ilegalmente.
Porém, a ação de Trump surpreende pelo fato de que soldados convencionais do exército sejam colocados para supervisionar as fronteiras. O número indicado por Trump é tão alto que é o dobro dos dois mil militares norte-americanos que atuam na Síria no combate ao Estado Islâmico, e se assemelha ao contingente de militares que ainda atuam no Iraque.
Nenhum ser humano é ilegal, migrar é um direito!
Em todo mundo existem cerca de 60 milhões de pessoas obrigadas a imigrar para fugir de guerras, das fomes, catástrofes ambientais e perseguição política. O drama da crise de imigração global é um dos temas mais importantes do século XXI.
Estes que nada tem precisam ser cobertos de solidariedade e apoio. É preciso demonstrar solidariedade internacional aos imigrantes. Toda e qualquer saída repressiva deve ser repudiada, assim como discursos xenófobos ou de ódio baseados em retórica eleitoral.
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