“Misteriosamente
o Badauê surgiu
Sua expressão cultural
O povo aplaudiu”
Moa do Katendê
A noite da terça-feira, 23 de outubro, foi marcada pelo lançamento do documentário Mestre Moa do Katendê – a primeira vítima, do cineasta Carlos Pronzato, da produtora La Mestiza. O filme é uma homenagem ao Mestre Moa do Katendê, que foi assassinado covardemente por um eleitor de Bolsonaro na madrugada do dia 08 de outubro, em Salvador.
Moa era um personagem complexo da cultura brasileira. Era mestre de capoeira, músico, compositor, dançarino, ogã, artesão, educador e ativista da causa negra, era um intelectual do povo negro que rompia as barreiras do preconceito e da discriminação racial com a valorização da nossa cultura.
Caetano Veloso gravou a música Badauê, de Mestre Moa, em 1979 no LP Cinema Transcendental. Um delicioso Afoxé que conta a história do Bloco Afro Badauê, fundado por Moa do Katendê e que alegrou o carnaval de Salvador no final dos anos 1970 com sua profunda transformação estética em valorização da beleza e da cultura negra. Moa também teve composições gravadas por blocos afros como o Ilê Ayê.
É esse bonito e importante legado que o filme apresenta e ajuda a preservar. Em 45 minutos o diretor Pronzato reuniu depoimento de familiares, amigos, parceiros musicais e pesquisadores que relatam a trajetória do Mestre Moa e sua saga pela valorização da arte e cultura do negro no Brasil.
É emocionante as palavras da filha de Moa sobre a influência cultural do pai na vida da família e sua saga pela valorização dos seres humanos. Moa estava construindo um centro cultural na sua comunidade para salvar vidas negras da violência causada pela falta de políticas públicas.
O Brasil precisa saber que a morte de Mestre Moa foi um assassinato político, fruto do avanço do neo-fascismo e das ideias autoritárias, odiosas e conservadoras encarnadas no candidato Jair Bolsonaro. O líder da corrida presidencial brasileira é racista e já comparou quilombolas com animais.
A partir desta quinta-feira, 25 de outubro, o filme estará nas plataformas digitais para que seja difundido. Também na quinta os soteropolitanos poderão acompanhar mais uma exibição do documentário no auditório do SINDAE, sindicato que ajudou o projeto do documentário se concretizar. Nesta quarta, 24, o filme será exibido em Rio Branco, Acre, em frente ao Palácio Rio Branco.
As homenagens a Mestre Moa do Katendê, guardião da cultura afro-brasileira, irão seguir com a defesa das suas ideias, de sua arte e do seu projeto cultural. Sua memória será preservada e seu legado repassado para que as novas gerações possam quebrar a máquina do mal. Moa vive e será eterno.
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