Novas declarações militaristas e intervencionistas contra Venezuela vieram à tona, desta vez perpetradas por Luis Almagro, Secretário Geral da OEA, quando no domingo, 14 de setembro, na cidade de Cúcuta (Colômbia), cogitou intervenção militar no país vizinho para supostamente resolver a crise migratória.
A declaração de Almagro, realizada ao lado do Chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo, não por foi acaso. O governo de Colômbia, único país da América Latina associado à organização militar interimperialista da OTAN, agora chefiado por Ivan Duque, tem sido o principal aliado dos EUA na região. Inclusive deu cobertura às lideranças golpistas venezuelanas, procurados pela justiça, exilados naquele país por estarem envolvidos no último atentado terrorista contra o Presidente Nicolás Maduro, a exemplo do Deputado Julio Borges que foi um dos mentores do atentado frustrado perpetrado através de drones.
Grupo de Lima também rechaça declarações de Almagro
A hipótese explícita de intervenção militar na Venezuela perpetrada por Almagro obteve o repúdio até mesmo do Grupo de Lima, grupo de países formado para repudiar a Assembleia Nacional Constituinte convocada por Maduro. Onze dos 14 países que integram o Grupo de Lima rejeitaram a ideia de uma intervenção militar na Venezuela em comunicado divulgado depois da declaração do Secretário da OEA.
Os 11 países manifestaram “sua preocupação e rechaço perante qualquer curso de ação ou declaração que implique uma intervenção militar ou o exercício da violência, a ameaça ou o uso da força na Venezuela”, defendendo uma saída pacífica e negociada para a crise que envolve principalmente o tema migratório no país sul-americano. Dos governos que se declararam contrários à intervenção se encontram o Brasil, Argentina, Costa Rica, Chile, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, e Santa Lucía. Canadá, Colômbia e Guiana não assinaram o comunicado contrário à intervenção.
Trump intensifica as ameaças na 73ª Assembleia Geral da ONU
Neste 25 de setembro, Chefes de Estado e de governo de mais de 190 países iniciaram, em Nova York, o debate na 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). A situação migratória da Venezuela, bem como a guerra comercial entre EUA e China, a guerra civil na Síria, além das manifestações xenófobas do Presidente, Donald Trump, com a mais recente tensão do imperialismo contra o programa nuclear do Irã, foram parte das principais polêmicas.
Faz um ano que Trump proferiu seu primeiro discurso na ONU, onde, sem meias palavras, declarou perante todas as nações declarou que sempre poria aos “Estados Unidos em primeiro lugar”.
A crise migratória na Venezuela de fato é muito grave, resultante da crise econômica e do desabastecimento. Para além das críticas que se tem ao modelo econômico do chavismo que não avançou à transição socialista com a necessária planificação da economia, o monopólio do comércio exterior e a expropriação dos grandes grupos econômico, é fato que a guerra econômica do imperialismo encabeçada pelos EUA agrava toda situação. Assim, o discurso de Trump é cínico já que ele é justamente o maior estimulador da migração venezuelana. Quer criar um fato político – a “crise humanitária – para justificar uma intervenção estrangeira e/ou golpe militar.
Contra a intervenção e/ou golpe militar: defender a soberania da Venezuela
Uma intervenção estrangeira e/ou golpe militar na Venezuela, caso vitoriosa, transformará o país praticamente numa colônia militar e econômica norte-americana, subordinação muito maior à que tem se submetido a Colômbia nas últimas décadas. Sem dúvida, tal fato mudará desfavoravelmente aos trabalhadores a relação de forças entre as classes na América latina.
Assim, neste momento, qualquer saída para a crise econômica da Venezuela passa necessariamente pela defesa da sua soberania nacional, pela mobilização dos trabalhadores e do povo com suas próprias organizações, rechaçando em primeiro lugar a qualquer tentativa de golpe e/ou intervenção imperialista. Essa é uma das tarefas mais importantes da esquerda latino-americana. É preciso que se diga “Alto lá”!
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