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EDITORIAL

Viva o dia da Visibilidade Lésbica e Bissexual

Editorial de 29 de agosto de 2018

Todas as mulheres lésbicas e bissexuais, sejam trans ou cis, devem ser lembradas nesse dia. Vivemos numa sociedade que é lesbofóbica e bifóbica, que faz com que elas sofram várias formas de violência. A luta socialista, por uma sociedade sem exploração e opressão, precisa incluir a luta pelos direitos das mulheres lésbicas e bissexuais.

Em 29 de agosto de 1996, ocorreu o 1º Seminário Nacional de Lésbicas e Bissexuais, o SENALE. Este evento transformou-se, ao longo dos anos, no maior evento deliberativo de mulheres lésbicas e bissexuais, propondo-se a romper com os padrões culturais machistas e LGBTfóbicos.

Opressão lesbofóbica e bifóbica
O Brasil é um país muito LGBTfóbico. Não à toa, é o país com o maior número de crimes de ódio fatais cometidos contra LGBTs que são documentados. Infelizmente, os crimes de ódio são subnotificados e isso pode ser visto nitidamente no caso das mulheres lésbicas e bissexuais. Existem poucos assassinatos dessas mulheres documentados, não porque eles não ocorrem, mas sim porque a sexualidade dessas mulheres é invisibilizada.

A LGBTfobia é uma opressão que serve para manter e reforçar os padrões de gênero e sexualidade, ditando às pessoas o que é ser homem, o que é ser mulher e qual o comportamento aceitável que se espera para os homens e para as mulheres. Por isso, é uma opressão necessária à manutenção do machismo, ou seja, para garantir as desigualdades sociais entre homens e mulheres. A lesbofobia e a bifobia contra mulheres bissexuais são uma combinação de machismo e LGBTfobia.

As consequências são brutais. A violência começa na família, onde acontecem a maioria dos casos de estupro. Muitas mulheres lésbicas e bissexuais são estupradas pelo pai, irmão, primo ou tio como forma de supostamente “corrigir” sua sexualidade, ou seja, de torná-las heterossexuais. É o chamado “estupro corretivo”. Como consequência, 6% das vítimas dos estupros denunciados pelo Disque 100 são lésbicas.

São muito comuns os casos de assédio contra mulheres lésbicas e bissexuais no trabalho. Além disso, devido aos diversos obstáculos criados pela opressão, na maioria das vezes estas mulheres se encontram nos postos mais precarizados, como nos setores de limpeza ou de telemarketing.

No atendimento à saúde, muitas vezes essas mulheres são desrespeitadas. Uma mulher que se relacionou sexualmente apenas com outras mulheres, muitas vezes, é tratada como se fosse virgem. É difícil encontrar preservativos que possam ser usados para a relação sexual entre mulheres.

Em vez de tratadas como seres humanos, mulheres lésbicas e bissexuais são fetichizadas. Assim, a sexualidade da mulher é tratada como se fosse feita para satisfazer os desejos dos homens. Muitos homens querem se relacionar com uma mulher bissexual porque acreditam que ela automaticamente aceitaria um ménage. Outros, quando veem duas mulheres juntas, já demonstram nitidamente que estão interessados em “participar”, como se um casal de mulheres tivesse a função de servir a um homem.

Os casais de mulheres lésbicas não são tratados como casais normais, de pessoas que se amam e se unem para partilhar uma vida comum. Uma amostra disso é que, quando Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg interpretaram um casal de mulheres na novela Babilônia, muitas pessoas ficaram indignadas por serem um “casal de velhas”. Ora, não é lindo que duas pessoas se amem na velhice? Pouco deveria importar qual o gênero delas.

Por fim, é importante ressaltar também a invisibilização das mulheres bissexuais. Se uma mulher bissexual está se relacionando com outra mulher, ela é vista como lésbica. Se ela está se relacionando com um homem, ela é vista como heterossexual. É como se a mulher bissexual tivesse que sempre, ao mesmo tempo, namorar um homem e uma mulher. Ora, as pessoas bissexuais, assim como todas as outras, também podem engajar-se em um relacionamento estável com uma única pessoa, mas nem por isso deixa de ser bissexual.

Contra a lesbofobia e a bifobia
Para reverter esse cenário lamentável, é necessário lutar contra toda forma de opressão e exploração, em particular por direitos para as lésbicas e bissexuais. É preciso defender os direitos trabalhistas, o fim da terceirização, a valorização do salário mínimo, combater toda forma de preconceito e discriminação no trabalho, na família e na escola. Também é preciso uma política de atendimento à saúde específica da mulher lésbica e bissexual.

Como estamos em período eleitoral, é preciso dizer que a maioria dos candidatos que se apresentam não têm qualquer compromisso com a defesa desses direitos. Todos os 50 tons de Temer, seja Alckmin, Bolsonaro ou Meireles, defendem a reforma trabalhista do governo Temer, que retira direitos elementares dos trabalhadores e trabalhadoras, assim como a PEC do teto dos gastos, que limita por 20 anos o investimento do governo federal nas áreas sociais como educação, saúde e segurança.

Por tudo isso, nós, do Esquerda Online, defendemos o voto na chapa Gulherme Boulos e Sonia Guajajara, uma chapa que é produto de uma aliança entre PSOL, PCB, MTST, APIB e Mídia Ninja. Ela defende a pluralidade, a diversidade e também os direitos do povo pobre e trabalhador e tem, em seu programa, a luta contra o racismo, o machismo e a LGBTfobia.