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MUNDO

A imprensa norte-americana se volta contra os ataques de Donald Trump

Por: Gabriel Santos, de Maceió, AL

Mais de 300 jornais dos Estados Unidos, espalhados por todo o país, de diferentes tamanhos e perfis editoriais, se juntaram em um movimento inédito para passar a mesma mensagem para a população e para o presidente Donald Trump.

A mensagem era clara: a liberdade de expressão deve ser respeitada. Essa linha de pensamento esteve presente em mais de 300 editoriais de jornais norte-americanos, sendo uma proposta do The Boston Globe, de Massachusetts, que convocou, no último dia 10, todos os jornais do país para dar uma resposta aos constantes ataques e insultos que Trump tem feito à  imprensa.

Desde que assumiu o posto de presidente, em janeiro de 2017, o Republicano teve péssimas relações com a maioria dos jornais e canais de TV norte-americanos, acusando qualquer notícia contrária à sua posição e que lhe desagradem, como sendo falsas e más intencionadas. Foi para se referir a cobertura e as matérias feitas pela CNN (um canal de noticias do país), que Trump passou a usar o termo fake news, popularizando e tornando mundialmente conhecido este termo. Para o presidente a imprensa, sendo tratada assim como um bloco monolítico, tem sido o principal partido de oposição de seu governo, se alinhando ao Partido Democrata.

No inicio de agosto, no dia 03, Donald Trump participou de um comício na Pensilvânia, para promover o candidato Lou Barletta ao Senado. Na ocasião a fala do presidente foi destinada para atacar a imprensa, chamando os jornais e os jornalistas de “inimigos do povo” e “produtores de noticias falsas e nojentas”.

Esse foi o estopim para o movimento de editoriais contrários as críticas do ex-presidente. Centenas de jornais se juntaram ao chamado do The Boston Globe, e cada um como suas palavras expôs seu ponto de vista sobre o mesmo assunto: os ataques a imprensa e a liberdade de expressão.

O The New York Times, tidos por muitos com o jornal mais importante do mundo, escreveu: Insistir em que as notícias das quais você não gosta são notícias falsas é perigoso para a vitalidade da democracia. E chamar os jornalistas de ‘inimigos do povo’ é perigoso, ponto”.

O site da NPR, uma emissora pública de rádio dos EUA, fez uma compilação de trechos de alguns editoriais de jornais que foram publicados. O Globe reuniu em seu site a lista de jornais que se somaram ao movimento.

A escalada dos ataques de Trump a imprensa foi criticada inclusive pela própria ONU, na medida em que coloca a preocupação com a segurança dos jornalistas que cobrem atividades do presidente Donald Trump. Muitos deles são hostilizados e até agredidos. “Esses ataques vão contra as obrigações do país de respeitar a liberdade de imprensa e as leis internacionais de direitos humanos. Tememos que esses ataques aumentem os riscos de um jornalista ser tratado de forma violenta”, escreveu David Kaye em conjunto com Edison Lanza, relator da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Um movimento inédito
Este movimento dos jornais norte-americanos é inédito. Nunca ocorreu algo parecido. Donald Trump ataca tudo e todos, e são as tensões criadas pelo presidente que fez necessário uma resposta dos jornalistas de todo do país. Em um ano importante para a política norte-americana, com as eleições legislativas que indicam um crescimento dos Democratas na Câmara dos Representantes, e a manutenção dos Republicanos como maioria no Senado, e tem as prévias marcadas até aqui por bons resultados que candidatos de esquerda e socialista tem tido por todo o país.

Um turbilhão político sacode o país mais poderoso do mundo, com resultados imprevisíveis, precisamos ficar atentos.

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