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MOVIMENTO

Trabalhadores do Call Center devem aderir à greve, em São Paulo

Por: Júnior Silva, de São Paulo, SP

Nos dias 21 e 22 de junho foram feitas assembleias entre os trabalhadores de Call Center e o sindicato, sobre as negociações que estavam sendo feitas com as empresas. A maioria não quer pagar o reajuste salarial, a PLR e os vales refeição e alimentação, fazendo com que a classe trabalhadora seja sacrificada para manter o lucro das empresas.

Isso é tirar sarro do trabalhador do call center, que já é a mão de obra mais barata do mercado. Não querer dar aumento aos trabalhadores numa época em que a classe mais necessita, onde tudo no mercado está mais caro, com um vale refeição que só dá para uma coxinha por dia é uma provocação. Nos locais não há creches para as mães que trabalham nessas empresas deixarem seus filhos, o que as obriga a deixar as crianças com parentes porque não existem vagas em creches públicas, e ainda têm que aguentar a humilhação de ganhar somente uma paçoca ou um bombom como prêmio. Tratam pais e mães de famílias como crianças. Um verdadeiro absurdo!

Os trabalhadores, junto com o sindicato, devem aderir à greve e mostrar sua insatisfação. Quem viu a assembleia na Teleperformance viu um show de horrores. A empresa se propôs a pagar R$46,00 de PLR e 1,08% de reajuste salarial e não quis negociar o vale alimentação e refeição dos funcionários. Diante da negativa dos trabalhadores em aceitar a proposta absurda da empresa, a representante se enfureceu com os agentes, e disse que a Teleperformance é a unica que se propôs a pagar 1,08% de reajuste. Com certeza, os donos da empresa devem pensar que os trabalhadores comem sobras de comida, ou sobrevivem de migalhas. Esquecem que muitos têm que complementar a compra do mês com cartão de crédito, ou com o próprio salário para ter o que comer, pagar as contas, aluguéis, faculdade, filhos, cursos e etc.

A Teleperformance, que se diz ser uma empresa que valoriza o ser humano, zomba da cara de seus funcionários. Seu lema é Integridade, respeito, profissionalismo, inovação e comprometimento, mas isso eles cobram dos funcionários, porque eles mesmos não têm. Têm deveres e não direitos. A empresa se orgulha em falar em seus treinamentos que a média de lucro anual é de 3 bilhões, que são os maiores do mundo, fizeram contratos grandes com a Netflix e Ambev, e dizem que estão em crise? As outras empresas, como a Atento (que possue aproximadamente 90 mil funcionários), Alma Viva, Liq/Contax, Fidelity, Mapfre, Parla, SIS etc, nem cogitam um aumento para seus funcionários.

Temos que seguir o exemplo dos companheiros de Portugal, onde o sindicato STCC (Sindicato dos Trabalhadores de Call Center) organiza várias greves e não deixa os trabalhadores abaixarem a cabeça.

Temos que pressionar a Sintetel a organizar essa greve. Se o sindicato quiser recuperar a confiança da categoria, tem que entrar de cabeça na organização da greve, panfletar em frente às empresas. Não podem ceder às pressões dos patrões, e sim responder às reivindicações dos trabalhadores do Call Center.

Não temos nada a perder com a paralisação, as empresas já criam uma atmosfera de que vamos ser mandados embora o tempo todo para nos acovardar, para que não possamos reagir, mas se nos mantermos unidos eles não podem nos parar. Somos a maioria, eles são a minoria, querem nos deixar com medo para baratear a nossa mão de obra. Hoje é o reajuste, amanhã são as comissões, depois variáveis ou a aplicação da Reforma Trabalhista. Quando nos dermos conta estaremos trabalhando de domingo a domingo sem direito nenhum. Podem, inclusive, tentar reduzir a pausa 20 para pausa 5, e a pausa 10 é capaz de não existir mais. Não podemos deixar isso acontecer. Somos fortes, somos a maioria, estamos lutando não só por nós, mas por nossas famílias, pela nossa faculdade, pelo nossos sonhos. Mas, para isso, precisamos estar juntos, pois se o Call Center parar, ninguém consegue fazer nada, as empresas não são nada sem nós. O que eles vão fazer sem a gente para resolver o problema do cliente?

Nossa força reside na luta coletiva. Se o salário não aumentar, o Telemarketing vai parar!

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