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Crise na Itália: Presidente veta ministro das Finanças da coalizão M5E-Liga, bolsa desaba e novas eleições podem ser convocadas

Victor Amal, de Berlim (Alemanha)

Após a vitória de dois partidos populistas de fora do establishment político tradicional nas eleições italianas de março, a crise que vive o país entrou em um novo momento neste domingo (27), quando o presidente da Itália Sergio Mattarella vetou a nomeação do eurocético Paolo Savona para ministro das Finanças pelo governo da coalização Movimento 5 Estrelas (M5E) – Liga (ex-Liga Norte).

A oposição dos partidos da coalizão a este veto fez com que na segunda feira (28), Mattarella apontasse o ex-presidente do FMI, Carlo Cottarelli, como primeiro-ministro interino, com o intuito de formar um governo “técnico” até a realização de novas eleições, a serem convocadas para o começo de 2019.

Cottarelli é conhecido por ter sido comissário extraordinário para o programa de austeridade do governo Enrico Leta, em 2013. O que Cottarelli e Mattarella querem dizer com um governo “técnico” é que haverá uma continuidade da política fiscal de corte de gastos sociais, implementada nos governos anteriores.

Esta decisão do presidente italiano se deu em função da pressão do mercado financeiro, que reagiu fortemente contra a coalizão M5E-Liga logo após o anúncio de seu acordo de governo no dia 19 de maio.

Mesmo a coalização M5E-Liga abandonando sua proposta inicial de referendo sobre o euro, o mercado rejeita seu projeto de aumentar as despesas do governo com a renda mínima universal e diminuir a arrecadação pelo corte de impostos para grandes empresas, fato que implica o aumento da dívida pública italiana.

Contudo, para Cottarelli encabeçar um governo interino como primeiro-ministro ele precisa ter a aprovação da Câmara e do Senado italianos. Tanto o M5E quanto a Liga, que juntos são maioria no parlamento, já afirmaram que vão votar contra Cottarelli.

Força Itália, de Silvio Berlusconi, e os neofascistas Irmãos da Itália, que junto com a Liga formam a Coalizão de Direita, também devem rechaçar um governo tendo como primeiro-ministro Cottarelli, que deverá ter apenas o voto do Partido Democrático (PD), ex-Partido Comunista Italiano. Isso colocou novamente sobre a mesa a possibilidade de convocação de novas eleições.

Bolsa desaba
Desde 2016, com o Brexit, a bolsa de valores europeia, não sofria quedas tão grandes como a que ocorreu na última semana. O presidente do Banco Central Italiano, Ignazio Visco, chegou a afirmar que o país estava a poucos passos de perder a confiança dos investidores.

A possibilidade de uma nova eleição levou os mercados do país a despencarem mais uma vez nesta terça (29). O prêmio de risco italiano, que indica o valor cobrado pelos títulos da dívida do Estado, subiu em 80 pontos e chegou na marca de 293, que implica no maior preço por título desde 2013.

Ainda pressionado pela queda das ações bancárias, o principal índice do mercado italiano desceu para 2,7%, menor desde meados do ano passado. A crise financeira italiana também influenciou o mercado europeu, com o recuo de 2,5% na bolsa de Madri e 2,6% em Lisboa.

Um possível acordo ou novas eleições?
A pressão negativa dos mercados diante da realização de novas eleições, Mattarella recuou e decidiu nesta quarta-feira (30) organizar mais uma rodada de negociações com o M5E e a Liga para tentar formar um novo acordo. O líder do M5E, Luigi Di Maio, afirmou que para ele não há problemas em deslocar Paolo Savona para outro cargo e negociar com o presidente Mattarella a indicação para o Ministério das Finanças.

Todavia, Matteo Salvini, líder da Liga, não demonstra a mesma vontade de chegar a um novo acordo devido às recentes pesquisas de opinião que revelaram um crescimento de 17% para 22% nas intenções de voto do seu partido. Por isso, Salivini está pressionando para que Savona permaneça no Ministério das Finanças, afim de bloquear as negociações para um novo acordo e encaminhar novas eleições.

Caso este cenário se confirme, o M5E defende a dissolução do parlamento e eleições imediatas já para este verão, preocupados que o crescimento de popularidade de Salvini possa aumentar ainda mais até o fim do ano.

A Liga, por outro lado, tenta postergar as eleições apenas para o outono, apostando que a votação em Salvini chegará ainda mais perto do M5E caso haja tempo para uma campanha maior. Steve Bannon, que ajudou a eleger Donald Trump e ganhar o referendo pelo Brexit, tem fortes laços com a Liga e afirmou este ano que a Itália é o país com mais condições de florescimento do nacionalismo econômico de direita.

As negociações para um novo acordo de governo ou convocação de eleições começou nesta quinta (31) e devem ser concluídas até o final de semana.

Foto: www.zdf.de

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