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BRASIL

Nota do PSOL sobre a disparada do preço dos combustíveis

PSOL
Posto de gasolina em Belém (PA). Foto arquivo Marcelo Camargo/Agência Brasil

Posto de gasolina em Belém (PA). Foto arquivo Marcelo Camargo/Agência Brasil

Desde que a direção da Petrobrás, sob a condução de Pedro Parente, adotou a atual política de preços, em julho de 2017, a gasolina vendida nas refinarias já sofreu 50,04% de aumento, o diesel 52,15%, enquanto o gás de cozinha encareceu 67,8% somente no ano de 2017, obrigando mais de um milhão de domicílios a adotarem a lenha ou o carvão para cozinhar.

O governo Temer não se cansa de golpear o povo brasileiro através de uma política econômica recessiva que reduz salários, reformas que retiram direitos trabalhistas e congelam investimentos em políticas sociais e entrega do patrimônio público às multinacionais e ao mercado financeiro. São 13,7 milhões de desempregados segundo o IBGE, acompanhados de uma queda na renda média das famílias e na piora do acesso ao atendimento dos serviços públicos.

Essa política está perfeitamente alinhada com os planos de Michel Temer de submeter as estatais ao controle privado e avançar na desnacionalização da economia. Pedro Parente, na condução da Petrobrás, está aplicando um programa que pretende entregar US$ 21 bilhões de patrimônio ao capital privado somente entre 2018 e 2021. O anúncio da venda de quatro refinarias e 12 terminais, feito no último mês de abril, é parte deste programa. Outra parte é a entrega de fatias cada vez maiores do mercado de abastecimento de combustíveis às importadoras, através da subutilização de suas refinarias e do aumento do preço para compensar a perda de mercado.

Em um país completamente dependente do transporte rodoviário para a circulação da produção agrícola, industrial, das importações e da circulação de bens de consumo, o aumento drástico dos combustíveis impacta diretamente os setores mais pobres da população, a classe trabalhadora e os setores médios. Isso se dá através do aumento do preço dos alimentos, das passagens de ônibus, e também do custo do transporte individual, infelizmente estimulado pela carência de transporte público de qualidade nas médias e grandes cidades do país.

O aumento quase diário do preço do diesel foi estopim para a deflagração da greve nacional dos caminhoneiros, que cresce desde a última segunda-feira (21) e já provoca grandes impactos com a paralisação de estradas, portos, e já começa a afetar a circulação de bens de consumo, a capacidade de abastecimento e o escoamento da produção dos mais diversos segmentos.

O PSOL reconhece a legitimadade da reivindicação dos caminhoneiros pela redução do preço dos combustíveis e anulação dos aumentos praticados sob a política de preços livres. A defesa da democracia, da soberania nacional e o fortalecimento das organizações da classe trabalhadora devem estar associados ao repúdio da atual política de aumento de preço dos combustíveis, levada adiante por Pedro Parente e sua política entreguista.

De outro lado, a isenção de impostos para a redução do preço da gasolina e do diesel beneficia capitalistas e grandes empresários do setor de petróleo. Por isso, defendemos o fortalecimento da Petrobrás e a retomada do controle estatal da produção, refino e distribuição de petróleo, para reverter a política de preços de Temer. A reestatização plena da companhia é a única forma de reverter a atual situação e dar respostas à população de conjunto.

Por tudo isso, são fundamentais iniciativas para unificar a luta dos caminhoneiros com a movimentação dos trabalhadores da Petrobrás, que estão organizando para os próximos dias uma greve nacional contra a atual política de preços e o desmonte da estatal. Os trabalhadores da Eletrobrás também estão organizando uma greve contra a tentativa de privatização da empresa, que certamente também resultaria em fortes aumentos no preço da energia elétrica, e devem unificar as suas ações com os petroleiros. Os Correios também são alvo de Temer, que acaba de anunciar a intenção de fechar mais de 500 agências e demitir mais de 5.300 fucionários.

As Centrais Sindicais, a Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular devem unificar as lutas contra o desmonte do estado brasileiro e a desnacionalização de nossa economia. É fundamental a unidade das mobilizações dos trabalhadores num grande dia de lutas contra os planos entreguistas do governo Temer, reunindo entidades de classe, partidos e frentes e incentivando as iniciativas dos trabalhadores.

Executiva Nacional do PSOL

24 de maio de 2018