Coluna Rádio Peão
Numa situação política marcada pela ofensiva dos governos e dos patrões, os trabalhadores da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, foram à luta e protagonizaram uma forte greve que durou 11 dias. Durante mais de uma semana, os trabalhadores enfrentaram a chantagem e o assédio da patronal e dos grandes veículos de comunicação. E, por outro lado, durante mais de uma semana, receberam a solidariedade de trabalhadores de outras fábricas, categorias e dos movimentos sociais. Os operários e operárias se mantiveram firmes, unidos e mobilizados e conquistaram uma importante vitória.
Veja as cláusulas do acordo que foram aprovadas por ampla maioria em assembleia:
– Reajuste salarial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) integral + aumento real de 1,5% por dois anos
– Abono de 2,5 mil por dois anos
– PLR de 12 mil reais (primeira parcela agora em junho e a segunda em dezembro)
– PLR em 2019 corrigida pelo INPC + aumento real de 1,5%
– Área Mensalista haverá Programa de Demissão Voluntária sem quitação do contrato (pode ajuizar ação trabalhista), mas as demissões foram canceladas.
– Renovação das cláusulas sociais
Para além da vitória econômica, nos salários e PLR, foi uma significativa vitória política. Primeiro, porque neutralizou, ao menos por enquanto, os efeitos da reforma trabalhista. E principalmente porque provou que se a classe trabalhadora se une, se organiza e luta é possível dobrar a patronal e vencer. A luta coletiva pode mudar a sociedade. Ao contrário do que espalham por aí, os patrões precisam dos trabalhadores e não o contrário: sem o operário não tem produção. Os metalúrgicos da Mercedes cruzaram os braços e nem um só caminhão foi produzido. Várias categorias estão entrando em campanha salarial. Neste momento, os trabalhadores da Petrobras preparam uma grande mobilização nacional contra a privatização da Petrobras e o aumento do diesel e da gasolina. Esta pequena, mas importante vitória no ABC, deve servir como exemplo de inspiração.
A partir do enfrentamento que os caminhoneiros começaram e que, agora, anima categorias, é a hora de unificar as lutas. Com os petroleiros que estão organizando uma mobilização nacional, cm os metalúrgicos que estão contra a venda da Embraer, os trabalhadores do ensino privado de São Paulo e os servidores de Santos que estão marcando uma paralisação.
Foto: Edu Guimarães/SMABC
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