Neste 17 de maio, dia internacional de luta contra a lgbtfobia, Jean Wyllys, deputado federal pelo PSOL, lembrou a importância da data. Em tempos de retrocesso, ele é o único gay assumido na Câmara dos Deputados, em Brasília, e, por isso, vem sofrendo uma série de ataques, desde a sua posse, orquestrados por parlamentares fundamentalistas e líderes da extrema-direita, como o deputado Jair Bolsonaro (PSC).
“Ser gay nesse congresso majoritariamente machista e homofóbico não é fácil. Já fui levado várias vezes ao Conselho de Ética com a tentativa de cassar meu mandato, mas nunca por um desvio ético, porque sou honesto. Sou perseguido pela minha sexualidade! De fato, da última vez, eles me acusaram de ‘crime de perversão sexual’, um delito inexistente na legislação brasileira. Sou xingado no plenário e nas comissões, difamado na internet e muitas vezes deixado de lado até por companheiros de militância. Porém, mesmo enfrentando tudo isso, meu mandato recebeu prêmios nacionais e internacionais e, em 2014, fui o sétimo deputado mais votado do estado e o quinto na capital, com quase 145 mil votos”, relatou.
A opressão, para ele, tem causas históricas. “Ao longo da história, em diferentes épocas e países, a homossexualidade — e outras expressões da diversidade sexual humana, como a bissexualidade e a as identidades trans — tem sido perseguida e estigmatizada por três discursos de autoridade muito poderosos: a religião, a ciência e a lei”.
17 de maio: dia de luta contra a lgbtfobia
Em texto, Jean reafirmou os motivos pelos quais devem ser pautados os temas contra todas as formas de opressão, em especial a homofobia. Leia parte do texto assinado pelo deputado e divulgado pelo PSOL:
“Ainda hoje, mais de 70 países têm leis que criminalizam a homossexualidade; países onde uma pessoa gay ou lésbica pode ser presa apenas por existir, ou até condenada à pena de morte. E isso, que é visto como uma atrocidade nesta parte do mundo, algo próprio de nações atrasadas e sem democracia, já aconteceu também no Ocidente. Na mesma Grã-Bretanha que hoje tem casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, o brilhante cientista Alan Turing, que ajudou a derrotar os nazistas e inventou a computação, foi condenado à castração química por ser gay em 1952, o que o levou ao suicídio dois anos depois. E muito antes dele, o escritor Oscar Wilde, hoje admirado no mundo inteiro, foi tratado, também, como escória. Mas esse maltrato não é um “privilégio” de nós, LGBTs. Também já houve leis no Ocidente (e ainda há em parte do Oriente), que negavam direitos civis básicos às mulheres, como houve outras que tratavam os negros ou os judeus como sub-humanos.
Diferentes religiões consideram que a homossexualidade é pecado. Para algumas, inclusive, pecado mortal. Nos países governados por teocracias islâmicas, como o Irã e a Arábia Saudita, a lei da sharia condena os homossexuais à morte na forca ou por apedrejamento. Nas democracias ocidentais, a igreja católica e as igrejas evangélicas fundamentalistas (há, também, igrejas inclusivas que aceitam a diversidade sexual) fazem lobby contra nossos direitos civis, usam passagens descontextualizadas e mal interpretadas da Bíblia para nos condenar ao fogo eterno e espalham o discurso homofóbico mais odioso e violento, usando para isso seus cultos, programas de TV e até mandatos legislativos e prefeituras.
Eu já falei da lei e da religião, falta a ciência. Até o dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde considerava a homossexualidade como doença. Uma burrice anticientífica que provocou e justificou muita perseguição, maltrato e sofrimento infligido contra milhões de pessoas em nome de um falso saber. Nessa data, a OMS reconheceu seu erro e disse o óbvio: homossexualidade não é doença, mas apenas uma orientação sexual, tão saudável e normal quanto as outras. É por isso que, desde então, cada 17 de maio, é celebrado o Dia Internacional contra a Homofobia”.
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