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Especiais
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Cinquenta anos depois, a atualidade do Maio de 1968

Tiago Silveira e Pedro Silveira, de Porto Alegre (RS)

Nas comemorações de 40 anos do Maio de 1968, foi escrito que “há horas que valem por meses, dias que valem por anos, e meses que valem por décadas, pela intensidade dos acontecimentos e suas consequências.” Palavras sempre inspiradoras de Valério Arcary, apontando que  o “Maio de 1968 francês é um daqueles meses que fizeram história”.

Há exatos 50 anos, jovens estudantes protagonizaram lutas na França reivindicando melhores condições de ensino e defesa de uma sociedade mais justa e liberta, os protestos que iniciaram na cidade de Nanterre, se espalharam pela França, incentivando uma greve de trabalhadores que em seu ápice chegou a nove milhões na greve geral.

Hoje, vivemos dias que valem por anos, mas no avesso do que dito antes. No Brasil, a cada dia novo, parece que os ricos e poderosos que se apropriaram da política nacional, nos fazem retroceder décadas. Seja pelos retrocessos das contrarreformas que aplicam, seja no, cada dia mais alto, discurso de ódio e conservador, ou seja nas vias mais de fato, quando do assassinato de lideranças e representantes políticos dos mais oprimidos como a execução da vereadora Marielle e dezenas de lideranças do campo, quilombolas e indígenas.

Vivemos em um momento que grande parte da sociedade busca obter a satisfação pelo emprego, em oposição à época expressa pelo acontecimento de Maio de 1968, quando se viveu o sonho de mudar o mundo. Precisamos de novos Maios e novos Outubros. Que a satisfação pessoal venha da conquista de mais direitos, da conquista de uma sociedade onde a economia esteja em favor da grande maioria da população e não apenas da vontade de um punhado de empresários, ruralistas, especuladores e rentistas.

Não têm sido dias fáceis, são dias que nos aproximam mais da barbárie. Dias onde executam aqueles que ousam lutar. É preciso resistir! Frente aos ataques do Capital sobre nós, humanos, e a todo o meio ambiente, a resistência anticapitalista é antes de tudo uma resistência pela vida humana – ou contra a barbárie. A disjuntiva de Rosa Luxemburgo “bate à porta” como um tom de realidade enorme, ou caminhamos para o socialismo, ou cairemos na barbárie.

Cinquenta anos depois se faz necessário um novo Maio de 68! Um mês onde a bandeira multicoloridas das mulheres, dos jovens oprimidos, das liberdades sexuais junto com a bandeira vermelha dos trabalhadores tornem a tremular os céus das cidades brasileiras. Um novo Maio que inspire os explorados e oprimidos a serem sujeitos de sua história.

Maio de 68 trouxe para a pauta política a força e o frescor da juventude, do movimento estudantil. Em 2013 o Brasil foi balançado por grandes protestos, em 2015 os jovens brasileiros, os secundaristas, sacudiram o espectro político com suas ocupações. Nossa juventude nos lembra a importância de se acreditar no sonho. “Tomo meus desejos pela realidade, pois acredito na realidade dos meus desejos” dizia uma pichação em Sorbonne (Universidade de Paris) em maio de 68. Sonho no sentido de desejo de uma nova realidade, onde as pautas do movimento feminista, LGBTT, negro e ambientalista, tornem-se realidades.

Nenhum avanço se terá sem a necessária mobilização e organização dos oprimidos e explorados, da retomada das ruas. “A política passa-se na rua!” – outra pichação de Maio de 68, nos lembra da importância não apenas de se fazer política, mas dessa ser feita no espaço público, não apenas nos gabinetes e estruturas institucionais. O espaço público, em contra ponto do espaço privado, o coletivo em oposição ao indivíduo. Uma política de rua em e para o coletivo. Ocupar as ruas, para assim ocupar a política.

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maio de 68