Pular para o conteúdo
Especiais
array(1) { [0]=> object(WP_Term)#20983 (10) { ["term_id"]=> int(4350) ["name"]=> string(13) "Marielle Vive" ["slug"]=> string(13) "marielle-vive" ["term_group"]=> int(0) ["term_taxonomy_id"]=> int(4350) ["taxonomy"]=> string(9) "especiais" ["description"]=> string(0) "" ["parent"]=> int(0) ["count"]=> int(207) ["filter"]=> string(3) "raw" } }

Nestor Bezerra | Sessenta dias de um mandato de resistência

Por: Nestor Bezerra*, colunista do Esquerda Online
*Artigo publicado originalmente no jornal O Povo e PSOL 50

O nosso mandato chegou aos seus 60 dias. Em 22 de fevereiro, com a licença de Renato Roseno, tomei posse como deputado estadual na Assembleia Legislativa do Ceará. Na cerimônia, fui acompanhado de meus colegas operários da construção civil, que há 71 anos não tinham um peão de obra como representante nesta Casa. Este momento ficou na nossa memória.

Nesse primeiro período do que eu entendo como um mandato compartilhado entre mim e Renato, a Assembleia Legislativa passou por um momento difícil, em que o troca-troca de partidos impediu que o funcionamento da Casa fosse minimamente democrático e com participação popular. As comissões legislativas, onde os deputados podem debater os projetos, assim como as audiências públicas, onde a população pode ser ouvida, estiveram paralisadas por conta dos prazos da chamada janela partidária.

Contrariando essa paralisia, minhas primeiras semanas de pedreiro deputado foram de muitas lutas em defesa das causas dos trabalhadores e dos serviços públicos.

O nosso mandato travou um intenso debate em oposição ao pacote de maldades do governo Camilo Santana, que apresentou um reajuste de apenas 3% para os servidores, e as mudanças no Instituto de Saúde dos Servidores do Estado do Ceará (Issec), que, na prática, transformam o direito à saúde numa espécie de serviço privado. Fomos solidários às professoras de Icó, agredidas com corte de 50% no salário e com a repressão de seu direito à livre manifestação. Estivemos na tribo Anacé, em apoio aos povos originários que lutam pela demarcação de sua terra e contra a perseguição de lideranças. Nos posicionamos contra a prisão do ex-presidente Lula, mesmo que tenhamos sido oposição durante os 14 anos de governo petista. E seguimos tentando transformar em luta o luto pelo assassinato de nossa companheira Marielle Franco.

Em tempos de duros ataques à democracia e de retiradas de direitos, construir um mandato de resistência a serviço das lutas populares, tem sido uma tarefa árdua, porém necessária. É esta a minha tarefa ao longo desses 60 dias de mandato, e este é somente o início dessa nossa caminhada.

Foto: Máximo Moura/Alce