Da Redação
Neste domingo (25), poucos dias após o assassinato político da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, cinco jovens, moradores do conjunto habitacional Carlos Marighella, do programa Minha Casa Minha Vida, foram brutalmente executados. Sávio de Oliveira, de 20 anos; Matheus Bittencourt, de 18, Marco Jhonatas, de 17, Matheus Baraúna, de 16 e Patrick da Silva Diniz, de 19, acabavam de chegar em casa, de um show, quando foram abordados. Alguns deles eram integrantes do movimento Hip Hop e de projetos sociais na cidade. A suspeita, de acordo com a própria delegada que investiga o caso, é de que tenham sido vítimas da ação de milícias. Este é um caso de execução que escancara o genocídio da juventude pobre e, principalmente negra, que já tornou-se uma política de Estado e precisa ser amplamente denunciada e combatida.
O crime aconteceu de forma bárbara, na própria área de convivência do conjunto habitacional construído em parceria com o Governo Federal. Segundo informações fornecidas ao jornal Extra por uma parente de Marco Jhonatan, os cinco voltavam de um show do cantor Projota quando os abordaram, mandaram deitar no chão e os executaram. Os criminosos, que estariam em motos, ainda teriam gritado: “Somos da milícia”.
A tia lembra do sobrinho. Marco era rapper e participava de concursos de passinho, modalidade praticada principalmente por jovens da periferia do Rio. Em outro depoimento, um pastor disse que conhecia o jovem Sávio, que desde criança era amigo de seus filhos. Segundo afirmou, o jovem era envolvido em projetos sociais e pensava em construir uma escola de rima para crianças. Há cinco anos integrava um grupo de Hip Hop, batizado de D. Front, além da gravadora 7G Records.
Segundo a delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), responsável pelo caso, os tiros teriam partido de uma mesma arma. Ela aposta que, pelas características do crime, as investigações apontam para uma ação de milícia. A arma utilizada no crime foi uma pistola calibre 380, os tiros foram dados na cabeça e as vítimas estavam perfiladas, segundo afirmou em entrevista à imprensa.
O enterro de três dos jovens aconteceu nesta segunda-feira (26) e foi acompanhado por cerca de 200 pessoas. Diversas entidades, movimentos sociais e organizações políticas se manifestaram sobre o caso. “Os secundaristas querem saber quem promoveu a chacina em Maricá e gritarão por justiça na próxima quarta-feira (28) dia da Jornada de Lutas da UBES no Rio de Janeiro”, divulgou a A União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES). A manifestação está marcada para acontecer às 15h, na Candelária, Centro da capital fluminense. A entidade ainda lembrou o papel do Estado na responsabilidade com crimes bárbaros como esse. “Estamos diante do abandono do Governo do Estado. Estado esse que deveria nos garantir segurança. Estamos diante da falta de políticas públicas que garantam o básico: Direito a Vida! Estamos diante de um problema social e todos devemos acordar para isso”.
Já o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) de Maricá lançou uma nota esclarecendo que os jovens não faziam parte desta organização política, como muitos chegaram a supor, mas que “lamenta a morte e repudia atos de violência crescentes na sociedade fluminense, principalmente, contra jovens negros, pobres e ligados a movimentos culturais”. Ainda segundo a nota, os jovens de Itaipuaçu faziam parte de projetos culturais da cidade, como o Roda de Cultura e eram poetas e cantores de Rap. “O PCdoB Maricá reitera sua indignação com o acontecido, tristeza e solidariedade aos amigos e familiares das vítimas”, conclui a nota.
Foto: Enterro de três dos jovens assassinados em Maricá
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