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CULTURA

Mulheres do samba: Viva Leci Brandão, a cantora das comunidades

Por: Milena Machado, da Mana Dinga*

“Durante cinco anos, Leci ficou sem gravar por absoluta questão política. As gravadoras não aceitavam suas canções marcadas pelas letras sociais. Ela cantou a defesa das minorias (todas elas), era convocada para cantar em todos os eventos afinados com sindicalistas, estudantes, índios, prostitutas, gays, partidos de esquerda, movimentos de mulheres e principalmente o Movimento Negro. Nos últimos quinze anos todos os discos de Leci contêm uma faixa falando do assunto de forma direta, transparente e apaixonada. É a cantora das comunidades e sente muito orgulho por isto”. (Trecho extraído da página oficial de Leci Brandão)

A trajetória dessa linda mulher passeia pela música, pela política e pela luta por respeito e igualdade. Carioca, nascida em Madureira, e criada em Vila Isabel, iniciou a carreira na década de 1970, época em que cantava no Teatro Opinião, na noitada de samba, sob o comando de Jorge Coutinho.

Primeira mulher a participar da ala de compositores da Mangueira, e mais tarde a segunda deputada negra da história da Assembleia Legislativa de São Paulo, foi a convite de Sergio Cabral que gravou seu primeiro disco. E em 1978, compôs um dos sambas mais bonitos da história, Zé do Caroço.

Participou do Festival MPB-Shell promovido pela Rede Globo, em 1980, com a música “Essa Tal Criatura”. Em 1985, gravou “Isso É Fundo de Quintal”. Em 1995, foi a intérprete do samba-enredo da Acadêmicos de Santa Cruz durante o carnaval. Como atriz, atuou como a líder quilombola Severina, na telenovela Xica da Silva (de Walcyr Carrasco), exibida pela TV Manchete entre 1996 e 1997.

Entre 1984 e 1993, Leci foi comentarista dos desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro pela TV Globo. Após uma pausa de cinco anos (vide texto inicial), voltou a comentar o Carnaval carioca de 2000 a 2001, e os desfiles das Escolas de Samba de São Paulo de 2002 e 2010.

É madrinha do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, campeã do carnaval de 2017, agremiação que acompanha desde 2012 quando foi tema do enredo da escola.

Foi Conselheira da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher a convite do então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, permanecendo nos Conselhos por dois mandatos (2004 a 2008).

Em 2010, Leci Brandão filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e candidatou-se ao cargo de Deputada Estadual pelo estado de São Paulo, tendo sido eleita com mais de 85 mil votos e reeleita em 2014. Enquanto parlamentar, Leci Brandão se dedica à promoção da igualdade racial, do respeito às religiões de matriz africana e à cultura brasileira, pela inclusão da população negra e indígena, por mais cultura e educação, por saúde de qualidade, pela garantia de direitos dos trabalhadores, da juventude, em especial a pobre e negra, das mulheres e do segmento LGBT.

Ao longo de sua carreira, gravou 23 álbuns, 2 DVDs, diversas participações, além de constar em muitas coletâneas essenciais da música popular brasileira.

Fontes de pesquisa:
http://www.lecibrandao.com.br
https://www.al.sp.gov.br/alesp/deputado/?matricula=300513
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leci_Brand%C3%A3o

Assista a esse vídeo de arrepiar:

*A Mana Dinga é um grupo de cinco mulheres compositoras de Campinas, que leva músicas próprias para prosear com importantes sambistas, compositoras, instrumentistas e interpretes que abriram caminhos para as mulhetes na musica brasileira. Formado por Amanda Menconi (flauta e percussão), Anisha7 Vetter (surdo e voz), Carla Vizeu (voz e percussão), Ju Leite (pandeiro e voz) e Milena Machado (violão e voz). Para mais informações acesse facebook.com/manadinga

Foto: Bruna Piazzi | Esquerda Online

Marcado como:
mulheres / samba