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Por Marielle e pelos Direitos Humanos

Aderson Bussinger

Advogado, morador de Niterói (RJ), anistiado político, diretor do Centro de Documentação e Pesquisa da OAB-RJ e diretor da Afat (Associação Fluminense dos Advogados Trabalhistas).

Por: Aderson Bussinger, do Rio de Janeiro, RJ.*

A noite de ontem , 14 de março de 2018, mês da luta internacional das mulheres, foi novamente marcada de vermelho, mas desta vez do sangue de Marielle e Anderson. É sempre assim, isto vem de longe, sobretudo neste país que ocupa o topo das estatísticas de feminicídio, violência e mortes violentas contra mulheres. Mas no caso de Marielle, temos não somente mais um assassinato, mas sim um grave (e covarde) ataque contra todas as mulheres, contra todos e todas militantes de Direitos Humanos e críticos da intervenção militar no Rio de Janeiro.

É mais um crime contra um favelado, uma negra, sendo que uma favelada politicamente consciente (o que mais assusta os poderosos) que, além da indignação, exercia a ação política e social contra as injustiças sociais que, bem sabemos, está na fonte e origem da violência urbana e também rural. Marielle foi executada após participar, inclusive, de uma reunião no centro do Rio em que discutia a violência contra jovens negros. Marielle morreu convicta de que a violência estatal, intervenções militares não são e nunca foram solução, muito pelo contrário, porquanto si faz das cidades, como um todo, lugares do medo e do pânico, por mais que parte da classe média pareça se satisfazer da tal seletiva “sensação de segurança”.

Termino este texto, desabafo, registrando que a Anistia Internacional já publicou este ano mais um relatório alertando sobre a situação de vulnerabilidade no Brasil dos militantes, ativistas, como Marielle, de direitos humanos. Por último registro minha dor pessoal, pois a conhecia desde da equipe do Deputado Freixo, (outro jurado de morte pelo mesmo sistema), tendo pessoalmente , quando era vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB do Rio de Janeiro, integrado com ela o Conselho Estadual de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, onde também ela, sempre altiva, fazia realmente a diferença, em postura, discurso e prática. Enfim, por ser assim, lutadora, destemida, ao lado de seu povo negro e favelado, o terror de Estado lhe cobrou o preço da vida. Covardemente como sempre.

* Conselheiro da OAB-RJ, advogado e militante de Direitos Humanos.