Por: Alexandre Zambeli, de Belo Horizonte, MG
Uma tubulação de mineroduto da empresa Anglo American Minério de Ferro S.A se rompeu na segunda-feira (12) e despejou minério no manancial que abastece o município de Santo Antônio do Grama, na região da Zona da Mata em Minas Gerais. Tal rompimento provocou a suspensão do fornecimento de água aos moradores da cidade. Até então não houve relato de feridos.
A extensão do dano ambiental ainda está sendo monitorado pelos órgãos responsáveis e pela empresa, porém os moradores da região já sentem os efeitos do corte de água. Apesar de possivelmente ser aplicado alguma multa ou medida administrativa, o Ibama, responsável pela fiscalização do empreendimento, garantiu que a licença será mantida.
O mineroduto faz parte do sistema Minas-Rio, que liga a mina e unidade de beneficiamento de minério de ferro da Anglo em Minas Gerais, na região de Conceição do Mato Dentro, ao Porto do Açu, no Rio de Janeiro. A obra em si girou em torno de várias polêmicas envolvendo os impactos da mineração nas cidades exploradas. Neste mês de março o Ministério Público de Minas Gerais ajuizou uma Ação Civil Pública contra a mineradora por danos morais coletivos e danos sociais causados à população de Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim e Alvorada de Minas, devido à implantação deste projeto.
Os vários estudos e trabalhos acadêmicos conduzidos na região demonstraram que a chegada da empresa na região trouxe impacto negativo em diversas áreas, com consequente aumento da criminalidade e violência, aumento súbito do número de habitantes, deterioração de vias urbanas e rurais, poluição, desagregação social e cultural e, por fim, escassez de água. Trata-se de uma região com forte atração de ecoturismo e atividades agropecuárias, porém diversos moradores da região relatam sobre a falta de perspectiva para continuarem suas atividades no campo.
O recente caso do rompimento da barragem da Samarco (Vale/BHP) em Mariana/MG mostra de forma temerária o impacto que atividade da mineração traz em nosso país. As várias ações contra a empresa ainda não resultaram em pagamentos de fato, demonstrando ainda grande omissão por parte do Estado para resolução dos conflitos. Somente com apoio e pressão da sociedade que evitaremos maiores tragédias.
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