Sonia começou falando em tupi. Em seguida, explicou que estava pedindo licença aos ancestrais dela e de todos ali presentes, e cumprimentando os presentes. Em seguida, perguntou quantos haviam entendido, confirmando que apenas ela compreendia o que foi dito. Ela apresentou a pré-candidatura como expressão da diversidade do Brasil e das lutas dos povos indígenas. Defendeu a prioridade da pauta ambiental, como expressava a frase na faixa de sua pré-candidatura: “A luta pela Terra é a mãe de todas as lutas”. E fez um duro balanço dos governos petistas, em suas políticas para o meio ambiente e para as terras e direitos dos povos indígenas, que chamou de desastrosas.
ENTREVISTA
“A diversidade que existe no Brasil precisa ser refletida na política. O PSOL é o partido que mais se aproxima disso, mas ainda não reflete completamente.Precisamos nos conectar com o Brasil profundo, dos quilombolas, dos indígenas, das mulheres.”
“Nós, indígenas, sabemos o que é ser ignorado dentro do próprio País. Sabemos o que não é ser enxergado dentro das cidades, ser visto como exótico, como alguém que deveria estar no mato. E sabemos que nós não somos os únicos invisíveis na cidade.”
“Não estou aqui em meu nome, mas de uma pauta que é de todos. Esperamos por esse momento há 518 anos. Nós sempre quisemos estar no centro de debates não como coadjuvantes, mas juntos, construindo o programa. E quando eu aceitei o convite, junto com meu povo, foi acreditando nisso. E eu aceito o convite. Quero ser candidata a co-presidenta.”
“De onde vem essa água que se bebe aqui no Rio de Janeiro ou em São Paulo? Tudo isso está ameaçado pelas alianças das corporações, grandes empresas, pelo poder econômico. É preciso dizer não à privatização da água, e colocar a soberania alimentar como prioridade, defender a agricultura familiar e a defesa dos espaços da cidade.”
“Todas as terras estão ai para ser entregues ao estrangeiro. É preciso lutar por demarcação já. Não só para o meio ambiente, para as terras, mas a demarcação dos direitos de todos os trabalhadores. Não vamos aceitar que a Constituição seja rasgada. Vamos juntos, fazer a transformação social, ambiental e indígena.”
BALANÇO DO PT
“O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) foi desastroso para os povos indígenas. Lula disse que não ia enfiar Belo Monte de goela abaixo e depois disse que a gente ia ter que aceitar. Hoje a gente convive com o reflexo do que foram estas obras.”
“Para a demarcação das terras indígenas, os governos de Lula e Dilma foram os piores governos. Não só não demarcou, como reviu terras que já estavam demarcadas. Foi desastroso. O PT não assinou novas demarcações porque exigiria mexer com o agronegócio, encarar conflito com fazendeiros, e eles não quiseram comprar essas brigas.”
“A gente já sabe o que deu errado, o que foi cometido de erro. A gente vai fazer o que? Vai fazer conciliação? Não. A conciliação é entre nós. E preciso avançar no que não avançou no passado e começar aqui uma nova história.”
“Sonia Guajajara, é feminista e ecossocialista!”
FOTO: Kauê Scarim | PSOL Nacional
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