OPINIÃO | 40 anos de Punk: Suas contribuições para mudar a sociedade
Publicado em: 27 de dezembro de 2017
Há 40 anos surgia um movimento que iria colocar a terra da rainha às avessas. Jaquetas cheias de broches e arrebites, cabelos arrepiados e um som agressivo para a época: essa foi a marca do punk.
Por F.S.M. , de São Paulo
O movimento punk influenciou a sociedade e continua influenciando. Um som que saiu do subúrbio de Nova York, atravessou o Oceano Atlântico, chegou em terras britânicas para daí explodir para o mundo. A começar pelas músicas que não eram politizadas no início, mesmo assim, possuía o som revolucionário para a época. Se contrapondo às bandas predominantes na época, que estavam mais preocupadas em fazer disputas de quem mais fazia solos de guitarras, surge a banda The Ramones com músicas curtas de no máximo 2:50 minutos, músicas diretas e simples, que eram coerentes com o lema “Faça você mesmo”, o slogan que os punks iriam usar daí em diante. E foi essa ideia que caiu como uma luva para os ingleses, uma juventude revoltada e desempregada.
A juventude desempregada britânica foi alvo fácil para o Punk, de onde surgiu várias bandas como Sex Pistols e The Clash, e também de lá vieram Sham 69, The Buzzcocks, Stiff Little Fingers, 999 e muitas outras. O som trazido pelos Yankess abalariam as estruturas inglesas, que também passava por uma tensão racial. O partido chamado National Front (Frente Nacional), um partido fascista, fazia uma forte propaganda contra os imigrantes, em sua maioria imigrantes jamaicanos.
Neste contexto, entra em cena a banda The Clash, liderada pelo vocalista Joe Strummer, que trouxe para o som punk, e o rock em geral, as raízes jamaicanas, misturando o reggae e o ska ao punk, como em Guns of Brixton e Police and Thieves. Isso foi crucial para trazer muitos punks para as lutas antirracistas.
Em 1978, foi organizado o festival R.A.R (Rock Against Racism, Rock Contra o Racismo) com as bandas The Clash, Buzzcocks, Steel Pulse, X-Ray Spex, The Ruts, Sham 69, Generation X, Tom Robinson Band e Patrik Fitzgerald, levando mais de 80.000 pessoas ao show.
Punk no Brasil
Aqui no Brasil há uma “briga antiga” entre o pessoal de Brasilia e de São Paulo: onde o punk chegou primeiro?
Não entrarei nessa polêmica. Não importa onde o punk tenha chegado, ele veio para causar, e é isso que ele fez em plena ditadura militar. Uma garotada de visual agressivo invadiu os espaços, onde surgiram bandas como Restos de Nada, Cólera, Ratos de Porão e Garotos Podres.
Muitas bandas, inclusive, tocaram em espaços cedidos pelo PT na década de 80, período em que muitos punks mostravam simpatias pelo
Partido dos Trabalhadores e muitos integrantes do movimento participaram de greves na região do ABC Paulista.
O movimento foi essencial aqui no Brasil, para trazer a juventude para a luta contra a ditadura, quebrar os padrões que eram impostos pelo regime, conseguir organizar um festival punk como o “Começo do Fim do Mundo”, dar oportunidade aos jovens da época montarem suas bandas, dar auto estima e um pouco de esperança aos corações envenenados da época.
Moicanos e resistência
Também não podemos deixar de lado o famoso moicano, corte de cabelo inspirado pela tribo com mesmo nome, que lutou contra a imposição do branco europeu. O punk usa o moicano para expressar sua indignação contra o sistema, levanta o moicano apenas em shows e manifestações, para mostrar que quer cuspir na cara da burguesia, como os povos indígenas moicanos, os punks resistem.
Apesar de moda surgir, moda passar, moda acabar. O punk vem resistindo, enquanto houver alguém fazendo som de garagem, enquanto tiver letras que falam da periferia do povo pobre, odiando a burguesia, odiando a policia vai haver o sentimento punk. Ser punk é recusar tudo que o sistema te impõe, estar nem aí para que falam de você. É ter atitude, protestar, resistir. É lutar por uma sociedade livre da exploração e opressão. Lutar pelo socialismo.
Viva o movimento punk e seus 40 anos! Êra Punk!
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