Por: Leonardo Broilo, de Novo Hamburgo, RS
Na manhã desta segunda feira (11), um senegalês foi atingido por uma arma de choque da Guarda Municipal enquanto tomava café em um bar próximo ao Bourbon Shopping, ligado ao grupo Zaffari. O trabalhador de Senegal afirma que antes de ser atingido pelas ponteiras da arma taser, o guarda municipal afirmou que “em Novo Hamburgo não era permitido pessoas do Senegal”.
Moradores relataram que pelo menos 20 guardas municipais estavam no entorno da Avenida Nações Unidas no momento do fato. “Eles só querem vender seus produtos. Tem aluguel pra pagar, tem que mandar dinheiro para a família”, desabafou uma mulher de 31 anos que estava no local e não quis se identificar. Sobre uma possível sindicância para apurar o fato, o Secretário de Segurança de Novo Hamburgo General Roberto Jungthon afirmou que “será aberto apenas se for necessário. A Polícia Civil fará a investigação para verificar se houve desvio de conduta”.
Mesmo Novo Hamburgo sendo uma cidade formada por imigrantes, sobretudo de origem alemã, há uma onda de agressões das forças de segurança pública e mesmo de civis contra os imigrantes do Senegal, Haiti e Gana que vieram morar na região nos últimos anos. É, sem dúvida, atendendo aos interesses racistas e elitistas dos grandes empresários do comércio da região que a Prefeitura age violentamente contra os imigrantes com a conivência das demais instituições do Poder Público, como o Judiciário e a Câmara de Vereadores. Para que percebamos a gravidade da situação, em 2015 também aqui no Rio Grande do Sul na cidade de Santa Maria um imigrante senegalês foi incendiado enquanto dormia na calçada. Até hoje, os responsáveis não foram sequer encontrados.
A Associação dos Senegaleses de São Leopoldo e Novo Hamburgo (ASSLNH) denunciou este episódio como mais uma barbaridade. No dia 25 de outubro deste ano, a ASSLNH já havia postado, nas redes sociais, vídeo em que outro Senegalês era vítima de violência policial racista.
O PSOL de Novo Hamburgo também fez declaração repudiando a ação da guarda municipal:
Revoltante ao extremo!
Ontem um imigrante senegalês foi atingido por um taser, arma que dá choques com intuito de imobilizar, por um guarda municipal de NH. O guarda antes de atirar com a arma no homem teria falado que “não era permitido em Novo Hamburgo pessoas do Senegal”.
Até quando a Prefeitura, apoiada pela ACI e pelo Grupo Bourbon, vai seguir utilizando o comércio de desculpa para a higienização que tentam promover na nossa cidade? Isso é uma grande demonstração do racismo estrutural na sociedade.
Queremos justiça para o imigrante senegalês ferido! Precisamos dar um basta nessa perseguição racista que a Prefeita Fátima vem promovendo aos senegaleses.
*Com informações e imagem do Jornal Novo Hamburgo.
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