Nonato, dirigente dos gráficos no Ceará, é reintegrado ao trabalho

Por Fernando Castelo Branco, de Fortaleza, CE

No Ceará, um dirigente sindical demitido sem justa causa foi reintegrado ao seu trabalho por força de uma liminar judicial. Trata-se de Raimundo Nonato Fonteles Oliveira, Secretário Geral do Sindicato dos Gráficos, entidade filiada à CSP CONLUTAS e uma dos mais antigas do Estado do Ceará. O SINTIGRACE, fundado em 1930, é a entidade herdeira de uma tradição que desde 1878 organiza os trabalhadores de tipografias e gráficas do Estado do Ceará.

No contexto da precarização das relações de trabalho com a terceirização e destruição de direitos trabalhistas, a patronal sentiu-se à vontade para acatar a estabilidade para o exercício de representação sindical, e demitiu, sem justa causa, um legítimo dirigente dos trabalhadores no Ceará.

Não foi um fato isolado. O ataque do governo contra os direitos dos trabalhadores e contra os serviços públicos só é possível com a classe trabalhadora desmobilizada e desarticulada. Por isso, para além da ofensiva ideológica que a propaganda oficial e a indústria da comunicação de massa promovem apresentando a contra reforma trabalhista como solução para o desemprego, e a contra reforma previdenciária como solução para o problema fiscal do Brasil, é necessário atacar também a direção dos trabalhadores organizados e suas entidades.

Não é à toa que junto à ofensiva ideológica de apresentar servidores públicos como uma casta privilegiada, os serviços públicos como ineficientes e os dirigentes sindicais como parasitas, combina-se um ataque político, jurídico e criminal, com demissões, prisões e processos contra sindicatos e seus dirigentes.

Comemorar a reintegração de Nonato fortalece, assim, a luta dos trabalhadores. É mais do que uma vitória jurídica, é uma vitória política conquistada em um cenário de ataques contra a livre organização dos trabalhadores.

É preciso aproveitar esse momento de comemoração para refletir, portanto, sobre o papel do SINTIGRACE e da CSP CONLUTAS nesse episódio. É preciso que todos saibam que um sindicato filiado à CSP CONLUTAS homologou a rescisão do contrato de trabalho de um dirigente sindical. Homologou a rescisão contratual de seu próprio Secretário Geral. E que, no Ceará, a CSP CONLUTAS, diante disso, levantou a bandeira da autonomia dos sindicatos filiados e absolutamente nada fez para impedir esse absurdo.

As mais profundas divergências políticas, ideológicas e programáticas que possamos ter dentro do movimento operário, e, sobretudo, dentro de nossa Central não autorizam a utilização de qualquer método na luta política. Em um momento que os trabalhadores devem lutar para construir a unidade necessária para derrotar Temer e os ataques da patronal, cada trabalhador, cada dirigente sindical, deve merecer o mais profundo cuidado e proteção contra os ataques dos patrões.

O Sindicato dos Trabalhadores em Rodoviários do Ceará – SINTRO que deu apoio financeiro, político e jurídico, e o próprio Nonato, dirigente ora reintegrado, seguem acreditando na CSP CONLUTAS. Seguem firmes na luta. Agora comemorando uma vitória que pertence não apenas à Nonato e aos trabalhadores gráficos, mas a todo o movimento sindical brasileiro.

Compartilhamos, assim, nossa alegria. E a expectativa de que o episódio sirva para fortalecer a ideia de solidariedade, democracia operária e independência de classe, princípios de nossa Central Sindical.