Gestão de Clécio Luis (Rede) também é marcada por política de higienização social e ataque a ambulantes
Por: Thaís Sá, de Macapá, AP
Na eleição de 2012, o PSOL Amapá teve um importante debate nas suas instâncias internas sobre a coligação do partido e giro a direita. Tal feito possibilitaria o abandono do seu programa político em troca de apoio político e financeiro. Mesmo com intensos debates, o grupo de Randolfe Rodrigues e Clécio Luis conseguiu e firmou acordos com partidos como PV, PPS, PMN, PTC e PRTB, além do apoio da ex-ministra Marina Silva.
Em 2016, já filiado à REDE, Clécio gira ainda mais à direita e coliga com partidos como PCdoB, DEM, PSDB, PSC, PTdoB e PPL e, mesmo fora do PSOL, conseguiu que o partido fosse a base da sua campanha política, fechando acordos diretamente com a Unidade Socialista (US), corrente interna que dirige o PSOL Amapá.
No segundo turno, Clécio contou com o apoio do Promotor Moisés (PEN), quarto colocado no primeiro turno na disputa para a Prefeitura de Macapá. Ao chegar ao poder, Clécio escolheu o promotor para um dos cargos mais importantes do seu governo, o de secretário de Educação. O detalhe é que o tal promotor é apoiador declarado do político mais nefasto e preconceituoso que a atualidade tem notícias dentro do Brasil, o deputado Jair Bolsonaro, defensor do projeto “Escola sem partido” e das ideias como “Bandido bom é bandido morto”. Sem dúvida um dos maiores erros de seu governo.
Os próprios sites de Macapá disparam: “O problema para Clécio, que é um político que defende o nivelamento social, independentemente da orientação sexual e da raça, é que Bolsonaro, ídolo em que o promotor Moisés se espelha, se comporta no sentido contrário”.
Exigimos que Clécio exonere seu secretário de Educação. Não queremos pessoas com pensamento ultraconservador no ramo que mais deve debater com afinco a educação. Não toleramos nenhum tipo de apoiador da ditadura militar em nossas dependências educacionais. Fora, promotor Moisés.
Desemprego e higienização social
Além disso, o reflexo dos soluços da economia brasileira no mercado de trabalho são mais de treze milhões de desempregados no trimestre que terminou em julho. São as pessoas que querem trabalhar, procuram emprego, mas não conseguem uma vaga. No Amapá, a realidade não é diferente. Mais de 150 mil desempregados lotam as filas de desempregados a procura de oportunidades. Na falta da oferta de emprego, a população se mune dos utensílios que tem e promove a venda informal de mercadorias para garantir o sustento de suas famílias.
Nesta semana, dia 06 de novembro de 2017, frente à higienização urbana que a cidade de Macapá vem passando, novamente a Prefeitura demonstrou sua verdadeira face aos trabalhadores informais que desenvolvem suas atividades na orla da cidade, por falta de oferta de emprego.
O prefeito, de forma truculenta, mas segundo ele, com recomendação do Ministério Público, mandou sua tropa de choque para retirar os trabalhadores das ruas. O resultado não poderia ser outro, revolta e enfrentamento com a polícia. Em alguns vídeos, aparecem pessoas sendo presas por desobedecer a ordem da força policial e mães de família desesperadas clamando pela misericórdia do prefeito.
Nada adiantou e os ambulantes foram retirados das ruas de Macapá, tudo em nome da organização da cidade.
A cidade precisa ser organizada mas, para isso, o prefeito deve criar postos de trabalhos. Nas duas campanhas de eleição e reeleição, o prefeito garantiu que faria concurso público e até agora a população não viu nada do que foi prometido. O último concurso na cidade foi em 2004. Lá se foram 13 anos sem ofertas de emprego por parte da Prefeitura.
Além do mais, sabemos que os trabalhadores atravessam um momento muito difícil, com inflação galopante, juros exorbitantes, conta de energia, gás, e gasolina a preços fora do normal e mesmo assim, a Prefeitura não promove nenhum tipo de política para fomentar a vinda de empresas que viabilizem as ofertas de trabalho. A população não tem outra saída a não ser a do mercado informal.
Nós, do Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista (MAIS), exigimos que seja garantido o direito do trabalhador exercer suas funções de forma que assegure o sustento digno de suas famílias. São nefastas e desumanas as cenas de truculência que a população mais pobre de Macapá está passando.
Não queremos que o PSOL seja apenas um tentáculo de apoio à truculência do prefeito Clécio Luis.
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