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EDITORIAL

Só o povo na rua pode derrotar Temer e o Congresso de corruptos

Editorial 26 de outubro,

Nessa quarta feira ( 25/10), a Câmara dos Deputados mais uma vez rejeitou o pedido de investigação contra Temer e de dois dos seus principais ministros, Moreira Franco e Eliseu Padilha.

Por meio de negociações que envolveram verbas para emendas parlamentares, cargos na administração pública e decretos que beneficiaram os ruralistas e outros setores empresariais, como o perdão de multas ambientais e afrouxamento da fiscalização do trabalho escravo, o governo obteve uma vitória.

Segundo a grande mídia, um montante em torno de 12 bilhões de reais foram gastos nessa operação para arquivar a denuncia de Janot. Um parlamentar do PMDB chegou a ser fotografado no plenário da Câmara conferindo uma lista de presença de parlamentares que continha valores a serem pagos. Assim, Temer e aliados escaparam da última flechada do ex-procurador geral da república, que o acusou de obstrução da justiça e participação em organização criminosa.

Foram 251 deputados a favor de Temer e 233 contra. Temer obteve doze votos a menos que a votação passada. Ainda tivemos duas abstenções e vinte cinco ausências. Orientaram a favor de Temer o PMDB, PP, Avante ( ex-PT do B), PSD, PR, DEM, PTB, Pros, PSL, PRB, Solidariedade, PSC, e PEN. Os partidos que orientaram suas bancadas a votar contra o governo foram o PT, PSB, PDT, PC do B, Podemos, PPS, PHS, PSOL e Rede. Liberaram as bancadas o PV e o PSDB – esse último é o principal aliado do PMDB no governo. A ala mais velha comandada por Aécio rachou com a nova geração, apelidada de “cabeças pretas”, que votou contra Temer.

Porque Temer não cai?

Há três fatores principais que ajudam a explicar o fato de que Temer, mesmo acumulando forte desgaste e impopularidade, segue na presidência da república. O primeiro elemento que devemos levar em consideração é que a maioria da classe dominante que sustenta o governo e não tem acordo em aprofundar a crise política nesse momento, pois a prioridade é seguir aprovando o ajuste e as reformas de interesse do capital, e isso o governo golpista tem conseguido avançar bem até agora.

O segundo elemento que joga a favor de Temer é o papel das principais direções do movimento de massas, em especial as grandes centrais sindicais, que não estão dispostas a levar até as últimas consequências a luta contra Temer. E, por último, infelizmente, não há uma rebelião de base a entre os trabalhadores e o povo oprimido, que consiga extrapolar o controle das direções conciliadoras.

O regime está em crise?

Segundo a Folha de São Paulo, o ministro do STF, o sr. Gilmar Mendes, em entrevista momentos antes da Câmara dos Deputados rejeitar a investigação de Temer, disse: “ O Brasil tem passado por solavancos, sobressaltos, mas tem dado sinais de forte institucionalidade. Acho que esse é o dado positivo, a despeito dos problemas que temos enfrentado – e temos enfrentado problemas sérios. Temos conseguido manter as instituições em funcionamento”.

Mas não nos impressionemos com as ações da procuradoria contra o governo. Há de fato uma crise política, mas todo esse processo se desenvolve por dentro do regime que tem funcionado bem no sentido de absorver tais crises a favor dos interesses da maioria da burguesia.

Com habilidade política, Temer e aliados escaparam dos escândalos do TSE no primeiro semestre desse ano como também demonstraram força política no congresso nacional para arquivar duas denúncias feitas pela PGR. Ou seja, tanto o poder legislativo como o judiciário tem garantido a governabilidade mesmo com toda insatisfação popular. Sem falar que o presidente do PSDB, principal partido aliado do PMDB, o sr. Aecio Neves, também teve seu mandato salvo.

Nessa crise política, há momentos de tensão, fortes atritos e disputas acirradas entre as distintas frações do baronato brasileiro, mas nada que saia do controle completo ou que aponte uma ruptura da ordem institucional.

A ordem agora é aprofundar o ajuste e insistir na aprovação da reforma da previdência…

Os principais jornais do país no dia de hoje estampam não só a vitória de Temer no Congresso, mas apontam que a ordem agora é seguir aprofundando o ajuste fiscal e a aprovação das reformas. Nos próximos dias o governo deve anunciar um pacote de medidas duríssimas contra o funcionalismo, que visa reestruturação das carreiras, o aumento da contribuição previdenciária, o adiamento dos reajustes acordados com algumas categorias.

Além disso, o governo fala em alto e bom som que quer insistir em aprovar a reforma da previdência mesmo que seja numa versão mais desidratada. A agenda de privatizações e leilões que envolvem o setor petroquímico e energia também estão mantidas.

Só o povo na rua poderá parar Temer e o congresso de corruptos!

Não é possível esperar nada de bom para os trabalhadores vindo do congresso nacional ou do judiciário, todos os fatos que envolveram crises políticas entre os três poderes foram bem resolvidos até agora. A maioria das frações da classe dominante estão alinhadas como Temer e a única possibilidade de derrotarmos o ajuste fiscal, as reformas e derrubar o próprio governo golpista é o surgimento de uma segunda onda de lutas igual o maior as lutas que tivemos no primeiro semestre.

É preciso recompor a unidade entre as centrais sindicais e movimentos sociais num calendário de lutas que mobilize milhões nas ruas e que abra as condições para uma nova greve geral no país. Assim como fizemos no dia 28 de abril e no dia 24 de maio desse ano.

Vimos até agora lutas e greves especificas, mas ainda dispersas e muitas vezes isoladas. Se o funcionalismo não se levantar de forma unificada, não irá conseguir derrotar o pacote de Temer. Se o dia 10 de novembro não mobilizar dezenas milhares e parar setores estratégicos da produção, não irá alterar a correlação de forças. E se a indignação popular não se transformar em ação e rebelião de massas que fuja ao controle das direções pelegas, não vamos conseguir derrotar Temer e esse Congresso dominado por velhas raposas da política brasileira.