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MOVIMENTO

Após duas derrotas jurídicas, Caixa Econômica demite Juary Chagas mais uma vez

Por MAIS – Natal

Na última sexta-feira, 20 de outubro, o bancário e militante do MAIS Juary Chagas foi, pela segunda vez em menos de um ano, afastado do trabalho na Caixa Econômica Federal. Após uma forte campanha política nacional e apesar de uma liminar na Justiça do Trabalho que reintegrou Juary em abril deste ano e após uma tentativa frustrada nos tribunais de anular sua reintegração, a Caixa se valeu de um recurso regimental para manter o militante suspenso de suas funções, sem pagamento de salário, enquanto durar o processo.

Esta medida, tomada mesmo após o entendimento jurídico formado de que se trata de uma ação arbitrária da Caixa, demonstra a gravidade da perseguição política da empresa em função de sua atuação política e sindical.

Ativista importante da categoria bancária e uma das principais figuras da esquerda no RN, Juary é membro da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas do Rio Grande do Norte e foi diretor do Sindicato dos Bancários do RN por 3 mandatos. Além da luta sindical, Juary tem intensa atividade política e intelectual. Foi candidato a vice-prefeito, vereador e deputado federal e é um dos fundadores do MAIS (Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista), além de ser assistente social, pesquisador na área de Serviço Social e autor dos livros “Sociedade de Classe, Direito de Classe” e “Nem classe trabalhadora, nem socialismo: o PT das origens aos dias atuais”.

CONHEÇA O CASO – Juary é bancário há 12 anos, desde 2004. A perseguição política acentuou-se em 2011, quando o setor no qual trabalha, a Filial de Tecnologia, sofreu um esvaziamento fruto de uma reestruturação. Juary foi descomissionado e as atividades foram concentradas em Recife (PE). Juary conseguiu permanecer no seu local de trabalho com a prerrogativa de fazer parte do sindicato. Desde então, o assédio não parou e junto com a retirada de comissão, sofreu tentativa de transferência à revelia, retirada das atividades do setor, etc. Neste período, Juary não teve um registro funcional negativo e chegou a receber promoções por merecimento por duas vezes, fruto de avaliações de seus colegas de trabalho.

Em maio deste ano, o gerente de Tecnologia da Caixa em Recife, Murilo Alves, que acumula inúmeras denúncias de descomissionamento, assédio, monitoramento de empregados e perseguição, pediu abertura de processo administrativo fraudulento contra Juary. A chefia se aproveitou do fato de ter retirado a maior parte das atividades do setor e do seu cotidiano trabalho político para, durante vários meses, monitorar a rotina de Juary através de câmeras do circuito interno, com o objetivo de fabricar provas de um suposto não cumprimento das obrigações de trabalho. Uma completa premeditação, como parte de um plano para alcançar a demissão por meio de uma comissão de apuração indicada inteiramente pela própria chefia.

O processo montado é bastante semelhante ao da demissão de Dirceu Travesso, o Didi, pelo banco Nossa Caixa, durante o governo José Serra (PSDB), em 2008. Na época, a demissão do dirigente histórico bancário, fundador da CSP-Conlutas e do PSTU, deu início a uma ampla campanha política, que culminou no arquivamento do processo, mantendo o vínculo com o banco até o seu falecimento, em 2014.

POR UMA AMPLA CAMPANHA PELA REINTEGRAÇÃO DE JUARY CHAGAS – A demissão de Juary Chagas é resultado do aprofundamento do desmonte dos bancos públicos pelo governo Temer, com ameaça de fechamento de agências, demissões, retirada de direitos e a privatização da empresa.

A luta contra a demissão de Juary é parte da resistência aos ataques aos trabalhadores, à juventude, aos setores oprimidos e à esquerda socialista. O MAIS convoca todas as organizações políticas e sindicais para mais uma grande campanha contra a criminalização dos movimentos sociais e pela readmissão de Juary Chagas, a exemplo do que foi feito desde o fim do ano passado e que culminou com sua reintegração.

Entendemos que somente uma ampla unidade poderá impulsionar a mobilização necessária para reverter este ataque a todos os trabalhadores, em especial os bancários. Do mesmo modo, chamamos todas as entidades, em especial as organizações sindicais do qual ele integra, a discutirmos medidas financeiras e jurídicas para garantir a sobrevivência do companheiro, que teve o seu salário retirado, e, desta forma, mantermos viva a melhor das tradições da esquerda, a da solidariedade de classe.

– Não à demissão de Juary Chagas. Revogação imediata do processo administrativo fraudulento!

– Não à criminalização dos movimentos sociais. Em defesa do direito de greve e da liberdade sindical.

– Em defesa da Caixa Econômica e dos bancos públicos. Não à privatização da Caixa.

– Fora Murilo Alves! Punição para os perseguidores e assediadores!

– Nenhum direito a menos. Fora Temer!

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Foto: Sintsef/RN