Editorial 11 de agosto
Um ano após o golpe podemos dizer que os estudantes foram alvo de Michel Temer (PMDB). A PEC do Teto de Gastos enfrentou uma incrível onda de ocupações nas universidades públicas. Mas, foi reprimida brutalmente a marcha a Brasília de 29 de novembro de 2016 e Temer e o Congresso Nacional conseguiram desferir esse golpe contra o futuro e as próximas gerações. Seus efeitos, no entanto, já são latentes. O futuro depende da resistência no presente.
A situação é alarmante. O contingenciamento de gastos chegou a R$ 3,6 bilhões. Com isso, as 63 instituições federais não enxergam condições de arcar com água, luz, trabalhadores terceirizados, obras, bolsas e assistência estudantil.
Os reitores já declaram que em setembro as verbas acabam. A Universidade de Brasília já demitiu 175 funcionários terceirizados e na Universidade de Santa Maria 180 trabalhadores também já foram dispensados. Agora, os cortes já afetam as moradias estudantis e as bolsas. Podemos acrescentar ao cenário a situação dramática das universidades estaduais. O maior exemplo é a luta da UERJ para continuar existindo. Há cinco meses sem salários, foi decretado o fim do ano letivo já neste mês. As universidades privadas fecham cursos presenciais e substituem por cursos a distância.
Dramática também é a situação que envolve a vida cotidiana do estudante. O genocídio da juventude negra nas periferias é uma dura realidade. O encarceramento em massa é o que o Estado oferece aos jovens, enquanto segue sucateando e privatizando os equipamentos de cultura e lazer. Os assassinatos de LGBTs colocam nosso país como campeão em opressão. A luta pelo futuro é, para os jovens oprimidos, a luta pela vida.
Vitória conquistada nas mobilizações de 2013, o passe livre estudantil vem sendo atacada em várias cidades, como é o caso de São Paulo e Porto Alegre. Na capital paulista, o prefeito João Dória cortou até mesmo o transporte escolar das crianças da Educação Infantil.
As notícias realmente não são boas. Mas, é também verdade que a capacidade de sonhar presente no coração de todo estudante nunca foi separada da incrível vocação e instinto de luta pela transformação do presente. Ser estudante é ter esperança, mas essa esperança nunca foi vazia de ação e de coletividade. Por isso, não é dia de lamentar. É dia de honrar Honestino Guimarães, Alexandre Vanucchi e tantos outros que acreditaram no sonho de transformação e fizeram a história com as próprias mãos.
Saber que o presente é difícil é necessário. Mas, hoje é dia de lembrar a razão de ter esperança. Hoje é dia do estudante.
Foto: Rovena Rosa | EBC
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