EDITORIAL 3 DE AGOSTO |
Foram 264 votos favoráveis a aprovação do relatório que recomendou a rejeição da denúncia de corrupção passiva feita pela Procuradoria Geral da República contra Temer. O resultado foi sendo construído no último mês, o governo liberou R$ 4,1 Bilhões de reais para emendas parlamentares entre junho e julho, mais do que todo o restante do ano. Os deputados corruptos livraram Temer de responder ao processo no Supremo Tribunal Federal.
A situação defensiva e o peso das direções pelegas foram decisivas para fechar qualquer possibilidade de derrubada de Temer pela força das mobilizações sociais. Entre muitos foi subestimado a capacidade de Temer continuar na presidência, ignorando sua maioria de ⅔ no parlamento.
A disputa das frações burguesas representadas pelos procuradores da lava jato, juízes e a polícia federal enfrentando a presidência da república e os deputados corruptos, parecia pender para a vitória da fração pela reforma do sistema político ocorre que se demonstrou o peso do regime presidencialista de coalizão com o governo se protegendo pela maioria sólida no parlamento.
O ascenso da luta da classe trabalhadora com o 8 de março, os dias de luta do dia 15 e 31 de março, culminando com a greve geral do dia 28 de abril e a marcha a Brasília no 24 de maio combinado com a crise política aberta com as delações da JBS abriram uma conjuntura marcada pelo fortalecimento da classe trabalhadora e crise do governo. Uma conjuntura favorável nos marcos ainda de uma situação defensiva.
Já existem episódios suficientes para chegarmos a conclusão que o momento mais crítico de Temer passou. A vitória no TSE, a aprovação da reforma trabalhista e a rejeição da denúncia da PGR no plenário da câmara evidenciam o fim da conjuntura do período anterior.
Teve peso decisivo o papel das direções majoritárias no movimento de massas que cumpriram um papel de desmobilização depois da greve geral e boicotaram as mobilizações no mês de junho. Lula e o PT nao jogaram suas forças para mobilizar a classe trabalhadora. Pelo contrário no auge da crise se calaram perante a desmobilização da Força Sindical, UGT e centrais de direita no dia 30 de junho. O centro das suas atenções é a defesa de Lula perante a operação lava jato.
Tempos de resistência
Identificar o fim da conjuntura aberta pelo 17 de maio não significa caracterizar que estamos indo para a estabilidade política. Pelo contrário, Temer continua sendo um governo odiado por 95% da população, ainda vamos ver o conflito da ala pro lava jato e os representantes do atual sistema político e a perspectiva no próximo período é de ataque de direitos profundos como a reforma previdenciária. O que queremos dizer que o período que estava colocado a possibilidade imediata de derrubar o governo aberta pelas delações da JBS parece que terminou, Temer com as recentes vitórias se sente fortalecido.
A necessidade de unir a classe trabalhadora para enfrentar os ataques que virão é fundamental. Neste sentido, devemos exigir do PT, CUT, Lula, Força Sindical, CTB e demais centrais sindicais, a rearticulação do fórum das centrais sindicais para organizar a luta contra a Reforma da previdência.
Conjuntamente com isso devemos reabrir o debate da reorganização da esquerda brasileira. A frente povo sem medo vai chamar debates programáticos por todo o país para discutir o programa para o Brasil. A esquerda socialista deve participar com toda as suas forças dessa discussão, defendendo um programa alternativo ao lulismo e impulsionando um campo político alternativo ao PT. Vamos ter também o congresso da CSP-Conlutas importante espaço de reorganização do sindicalismo classista no Brasil.
Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
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