Por: NOS, Rio de Janeiro, RJ
Lula foi condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro em um processo carente de provas materiais, movido por meras convicções e recheado de malabarismos e slides de powerpoints. Somos oposição de esquerda ao projeto lulopetista mas nos posicionamos radicalmente contra a perseguição e condenação sem quaisquer vestígios de provas contra o ex-presidente.
Afirmamos que nem de longe está em questão o combate à corrupção e nem muito menos a Lava Jato está realmente preocupada com tal empreitada. José Serra do PSDB recebeu 23 milhões na Suíça da Odebrecht. Anastasia também do PSDB recebeu um milhão de reais do doleiro Alberto Youssef em um encontro às escuras. FHC pagou com dinheiro público e por anos a pensão de um filho fora do casamento sem falar nos escândalos das privatizações jamais investigados. Aécio Neves recebeu mais de 30 milhões em propina de obras em Minas Gerais. Somam-se ainda os casos sem fim dos Sarneys, Maluf, Rodrigo Maia, Eunício Oliveira, Alckmin, Michel Temer e toda sua gangue. Todos impunemente livres e via de regra estupidamente ricos. Não, nunca foi sobre corrupção.
Os que celebram a possível prisão de Lula, são os mesmos que torcem por Temer e até mesmo chegam a admirá-lo, apesar de ter sido pego em conversas nada republicanas na calada da noite com o megacorruptor Joesley Batista. Também são os mesmos que celebraram o retorno de Aécio Neves ao Senado, aquele que chegou a afirmar que poderia matar o primo antes de delatar e que segundo os áudios vazados por Sérgio Machado com o ex-ministro Romero Jucá seria o “primeiro a ser comido” e do qual todos conheciam “o esquema”. Certamente também são os mesmos que há pouco tempo orgulhosamente diziam “Somos todos Cunha”. Definitivamente não nos somamos a tais celebrações reacionárias.
A condenação de Lula soma-se aos recentes casos da absolvição de Michel Temer no TSE por puro “excesso de provas” e à libertação de corruptos confessos como o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, confirmando a máxima que “todos são iguais perante a lei mas alguns são mais ‘iguais’ que outros”. Que o digam Rafael Braga, preso por porte de Pinho de Sol, e os mais de 200 mil homens e mulheres presos sem julgamento nas penitenciárias brasileiras que abrigam a terceira maior população carcerária do mundo. Definitivamente a justiça não vale nem nunca valeu para todos.
Por outro lado a espetaculização da sentença promovida por Moro, cuidadosamente pronunciada um dia após a aprovação da contrarreforma trabalhista, cumpre o papel nefasto de afastar a atenção do conjunto da classe trabalhadora do tremendo desastre social que se avizinha com a destruição de um século de direitos duramente conquistados. A CLT está morta, logo a Justiça do Trabalho também estará. As classes dominantes escravocratas avançam em seu projeto de Brasil superprecarizado enquanto a grande mídia divulga aos quatro ventos a “quase prisão” de Lula. E assim, com direito à cortina de fumaça, o golpe segue.
Somos contra a condenação sem provas de Lula e de quem quer quer seja. Isso não quer dizer que não responsabilizemos Lula e o PT por seus crimes. Em especial, o de trair as esperanças do povo brasileiro em nome de uma suposta governabilidade, levando adiante um projeto impossível de conciliação de classes com os mesmos senhores que hoje promovem a devassa contra a classe trabalhadora e o povo brasileiro e festejam sua possível prisão enquanto as bolsas batem recorde. Exatamente, por conta destes crimes contra nossa classe, que reafirmamos a necessidade inadiável da construção de uma alternativa política pela esquerda, socialista, sem qualquer conciliação com os patrões, que aposte na mobilização popular e que faça os ricos pagarem pela crise.
Nova Organização Socialista Rio de Janeiro, 13/07/2017
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