Por Camila Lisboa, de São Paulo, SP
A luta contra as reformas de Temer teve um momento muito importante que foi o dia 28 de abril. Um grande dia de greve geral, que impôs recuos ao governo Temer, adiando a votação da Reforma da Previdência.
Tarefas importantes permaneceram vigentes, como o combate à reforma trabalhista e ao PL 4302 da terceirização, além da queda do governo Temer, que ganhou mais motivos para acontecer após a delação da JBS.
Dessa forma, a grande tarefa após o dia 28 de abril e a manifestação em Brasília era a realização de uma greve geral maior e mais forte. Entretanto, a Força Sindical, UGT e Nova Central sentaram para negociar as reformas com o governo Temer. Ao mesmo tempo em que demoraram para marcar um novo dia de greve geral e, próximo do dia 30, ameaçaram cancelar. A CUT também demonstrou pouca firmeza na garantia do dia 30 como um forte dia de greve geral.
Essa postura das maiores Centrais fragilizaram o dia 30 de junho. E os trabalhadores metroviários sentiram isso. Esse tipo vacilo, de traição, tem efeito concreto sobre a disposição de luta dos trabalhadores. A UGT teve um papel particular sobre a entrada dos setores do transporte na luta do dia 30. Esta Central dirige o sindicato dos condutores de ônibus de São Paulo e a ausência deste setor fragilizou a disposição dos Metroviários para a luta, que naturalmente ficaram preocupados em entrar na greve sozinhos.
Dessa forma, muitos trabalhadores do metrô que são contrários às reformas e querem a queda do governo Temer, assumiram uma posição contrária a greve. Um setor político da categoria, que possui figuras que tiraram fotos com o governador Geraldo Alckmin, se aproveitaram desse clima para dizer que a greve não tinha nada a ver com os metroviários, que era uma greve política e que os metroviários não deveriam “ser massa de manobra das Centrais”. Aproveitaram para fazer uma campanha anti-sindicato e incentivaram fotos com cartazes de “greve não”, junto ao slogan que a empresa usa “conte comigo”.
Diante da traição das Centrais, ser “massa de manobra delas” era não aderir à greve, era enfraquecer o dia 30, pois foram o que essas Centrais fizeram. Diante disso, a assembleia dos Metroviários decidiu não ir para a greve.
Também não ajudou a defesa que fizeram a CTB e a CUT. Estas Centrais tem um peso político importante na categoria e na diretoria do Sindicato. Poderiam e deveriam disputar política e ideologicamente contra as ideias que se disseminaram pela categoria ao longo dessas duas semanas antes do dia 30. Mas infelizmente, preferiram ganhar aplausos na assembleia, em lugar de fazer uma disputa estratégica.
A decisão da maioria foi feita. Respeitamos. Mas não foi a decisão correta. Novos ataques estão ocorrendo, como a terceirização das Bilheterias. Um ataque respaldado pelo PL da terceirização. Portanto, o dia 30 tem tudo a ver com a categoria.
O mais provável é que o dia 30 seja um dia bem mais fraco. A traição das Centrais vai cobrar seu preço quando sentirmos nossos direitos perdidos. É necessário inverter a dinâmica que promoveu as características que terão o dia de amanhã. Retomar a unidade política das Centrais e movimentos sociais em torno da luta pelo Fora Temer e suas reformas.
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