Vidas Negras Importam! Quanto vale uma vida para a Supervia?

Por: Aruska Almeida, de Niterói, RJ

No dia 24 de abril, a estudante negra Joana Bonifácio Gouveia foi morta enquanto se dirigia à universidade, ao pegar o trem. A jovem teve sua perna presa à porta e acabou tendo seu corpo arrastado pelos trilhos, onde permaneceu por horas. Sua entrada no Instituto Medico Legal só ocorreu às 2h30 da manha do dia 25.

A morte de Joana não foi acidente. É conhecido da população que se utiliza do trem como meio principal de transporte urbano, o descaso com a segurança e conforto dos passageiros. A Supervia, empresa que administra o serviço de trem, não só se isenta da responsabilidade com os diversos casos de acidentes e mortes que ocorrem frequentemente, como culpabiliza os usuários pelas tragédias.

É o que tem acontecido com a família de Joana, que tem sofrido com a perda da jovem e tem se enfrentado com a tentativa da Supervia de silenciar sobre o caso e se isentar da sua responsabilidade. As mortes e os acidentes infelizmente têm sido muito comuns e são sistematicamente silenciados pela empresa e pela Prefeitura, que não assume o papel de cobrar que os protocolos de segurança sejam cumpridos.

A população que se utiliza desse serviço, em sua grande maioria negra e periférica, se enfrenta cotidianamente com o descaso e insegurança do serviço de transporte, em especial nos ramais de Belford Roxo e Japeri. São longos períodos de espera dos trens, estrutura física extremamente precária, vãos enormes entre trem e plataforma, portas que não se fecham, falta de segurança (não ha sensores nem câmeras de segurança nas estações), trens quebrados para quem precisa do serviço para se locomover. E para completar, não há fiscalização e são raras as notificações dos acidentes.

A tragédia era anunciada. A vida de Joana, assim como de tantos jovens e trabalhadores que morreram pelo descaso e sede de lucro dos empresários, parece não ser suficiente para que a Supervia realize melhoria do serviço para a população. São vidas negras e periféricas que cotidianamente estão submetidas à violência policial, urbana e que tem seu acesso aos serviços básicos marcados pela precariedade e descaso dos governos.

Um primeiro ato foi realizado no dia 04 de maio, na Estação Coelho Neto da Rocha, para denunciar a insegurança e precariedade do transporte. No dia 24 de abril, a estudante negra Joana Bonifácio Gouveia foi morta enquanto se dirigia à universidade, ao pegar o trem. A jovem teve sua perna presa à porta e acabou tendo seu corpo arrastado pelos trilhos, onde permaneceu por horas. Sua entrada no Instituto Medico Legal só ocorreu às 2h30 da manha do dia 25. A morte de Joana não foi acidente. Nesta quinta feira, 29 de junho, se realizará um novo ato, na Estação Central do Brasil, às 17h30, organizado pela família de Joana e ativistas dos movimentos sociais, para que novamente se denunciem as condições subumanas a que os usuários dos trens estão submetidos, e que os acidentes e mortes que ocorrem são culpa da Supervia e não da população.

Todos os dias, jovens negros têm suas vidas tiradas pelas mãos do racismo, que se materializa na violência extrema a que são submetidos em todos os campos de suas vidas. É preciso que os movimentos e o ativismo se somem à construção desse ato, como parte da resistência a isto. A população negra deve ter direito ao transporte seguro, gratuito e de qualidade. Mais que isso, tem direito à vida!

Por Joana e por todos os outros, nenhum minuto de silêncio, uma vida inteira de luta!

#JoanaPresente!NaoFoiAcidente!

#VidasNegrasEPerifericasImportam!

Evento do Ato