EDITORIAL 27 DE JUNHO |
Rodrigo Janot apresentou, nesta segunda-feira (26), a denúncia contra Michel Temer por crime de corrupção passiva. A pena pode chegar a 12 anos de prisão. Esse é mais um episódio da crise política aberta depois dos vazamentos dos áudios de Joesley Batista com Temer no dia 17 de maio.
O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, ainda analisa mais dois inquéritos da Polícia Federal contra Temer, com as acusações de obstrução de justiça e de pertencimento a organização criminosa.
A denúncia de corrupção passiva tem um rito a percorrer na Câmara dos Deputados, que decidirá se aceita a mesma, ou não. No caso positivo, Temer é afastado e a denúncia vai para julgamento no STF. No caso de condenação por parte do STF, eleições indiretas serão convocadas em 30 dias.
Na tarde desta terça-feira (27), Temer fez pronunciamento oficial questionando a denúncia da PGR e a falta de provas. O presidente golpista apostou no ataque como arma de defesa, mirando suas forças em Janot e nos procuradores. Sua alegação principal é de que as provas não são válidas.
A semana foi difícil para o presidente da República, depois de viagens mal sucedidas para a Rússia e Noruega, cuja marca principal foram as gafes. Na sua volta ao Brasil, Temer vê o surgimento de uma nova crise política depois de se safar do julgamento do TSE. Chegou a vez do confronto com Rodrigo Janot.
A crise política se aprofunda
A divisão da burguesia em relação à crise continua. Estão em choque, neste momento, duas frações burguesas. De um lado, uma fração representada pelas organizações Globo, que se apoia na Lava Jato com seus procuradores e juízes e quer a saída de Temer, a reforma do sistema político e aplicação das reformas. Do outro lado, a ala representada pelos grandes partidos do atual sistema político, que se entrincheiraram no parlamento e tentam sobreviver diante das denúncias de corrupção. Como sabemos, esses momentos de divisões da burguesia abrem oportunidades de avanço para a classe trabalhadora.
A estratégia de Temer
Temer é o governo mais odiado da história do país e está atolado em escândalos de corrupção e erros políticos. Um governo contestado por setores burgueses e pela classe trabalhadora. Para se manter no poder, Temer aposta na aprovação da reforma Trabalhista e em manter o PSDB na base do governo. Aposta todas as suas fichas na manutenção da maioria no parlamento, elemento decisivo para aprovar as reformas, se mantendo confiável para a burguesia e para derrotar a ofensiva da Lava Jato.
As direções majoritárias vacilam na convocação da greve geral
Presenciamos, desde março, uma crescente de mobilização da classe trabalhadora e da juventude. As mobilizações do Dia Internacional da Mulher, as paralisações nacionais do dia 15 e 31 de março indicaram o avanço da resistência dos trabalhadores contra as reformas. Ganhamos a maioria da população contra as reformas da Previdência e Trabalhista. Esse processo culminou em uma das maiores greves gerais da história do país no dia 28 de abril.
A resistência dos trabalhadores passou a ser uma das marcas da conjuntura. Quando estourou a crise política com o vazamento dos áudios de Joesley Batista, a mobilização do Ocupa Brasília com mais de cem mil pessoas na capital do país foi uma prova do crescimento da resistência da classe trabalhadora e da juventude.
Passamos mais de um mês do ato em Brasília e, somente há uma semana, foi confirmada a greve geral. As centrais sindicais mais vinculadas à direita, como a UGT, Força Sindical, NCST e CSB negociam com o governo Temer medidas como o recuo do fim do imposto sindical. Não concordavam que a convocatória das centrais sindicais para o dia 30 de junho tivessem o chamado à greve geral. Começaram, assim, uma operação de desmonte da greve.
A CUT e a CTB, que defenderam a greve na reunião das centrais, demonstram passividade na construção da greve geral. Por exemplo, o principal sindicato da CUT, dos metalúrgicos do ABC, cancelaram a paralisação deste dia 30 de junho, apostando as fichas numa paralisação em um eventual dia de votação das reformas.
Esse movimento é ainda desigual. Muitos sindicatos cutistas já votaram greve nas suas bases. É preciso que a CUT, CTB, assim como o PT e o PCdoB, estejam na construção da greve geral.
A chave da resolução da atual crise política é a luta por uma saída independente da classe trabalhadora. A greve geral é o método de luta da classe trabalhadora, que tem possibilidade real de derrubar Temer, barrar as reformas e impedir eleições indiretas para presidente.
Foto: Lula Marques / AGPT
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