Imagem: Cartaz na “City Plaza dos Refugiados: Lutando juntos pela liberdade de movimento e pelo direito de permanecer vivendo juntos em dignidade, igualdade e solidariedade. Gregos e refugiados reconquistando nossos direitos a uma vida em comum sem cercas nem fronteiras na Europa e em nossas cidades”
Por: Tiago Castelhano, do Movimento por uma Alternativa Socialista (MAS), Portugal, Lisboa
No passado dia 2 de junho assistiu-se na Grécia a mais um ataque aos refugiados. Desta feita o ataque não veio pela mão da extrema direita (Aurora Dourada), mas pela mão do Governo Syriza/Anel.
Em 2015, alguns refugiados fizeram do antigo aeroporto de Atenas (Elliniko) um abrigo improvisado. Agora, o Governo Syriza iniciou a sua evacuação para outros abrigos e campos de detenção fora da capital grega. Alguns foram levados para identificação de residência. O líder (Masoud Qahar) do campo Ellinko foi um desses refugiados e agora tem que fazer a “verificação de identidade”.
Vários relatos de ONG´s e voluntários no local já diziam que este era um abrigo sem quaisquer condições, mas o Governo do Siryza/Anel não demonstrou qualquer intenção de resolver este problema humanitário.
A decisão de transferir os refugiados para fora de Atenas de maneira a desimpedir os terrenos do aeroporto é uma antiga promessa do governo Syriza aos credores (U.E e FMI), que está acordada no memorando. O objetivo é alugar os terrenos a investidores privados.
A maioria dos refugiados neste campo era afegã que tinham sido impedidos de irem para o Norte da Europa. Desde que foi assinado o acordo entre a U.E e a Turquia que estabeleceu o fechamento da fronteira da Grécia com os restantes países europeus, existe a proibição dos refugiados saírem da Grécia em direção a outros países da Europa. Estima-se que existam entre 55.000 a 65.000 refugiados “presos” na Grécia.
Abandono: um papel lamentável
Os refugiados na Grécia têm sido largados ao abandono só podendo contar consigo próprios ou com a ajuda de coletivos anti-racistas, organizações de esquerda, anarquistas e população grega em alguns bairros como Exárxhia, no centro de Atenas. Neste bairro é onde a comunidade local presta mais ajuda. Em Atenas, há ainda o caso do City Plaza Hotel[1], que depois de ter ido à falência com a crise em 2010, foi ocupado e agora funciona como centro de abrigo aos refugiados.
O papel do Governo Syriza em conluio com a U.E tem sido lamentável. A resposta parece ser criar campos de detenção sem quaisquer condições e bem longe das cidades. O caso da transferência dos refugiados que estavam no campo Ellinko é paradigmático. Os coletivos anti-racistas tem vindo a reivindicar que os refugiados sejam acolhidos em estruturas decentes dentro da cidade, para que possam mais facilmente resolver as suas necessidades de emprego, saúde e educação.
O Governo Siryza/Anel, por sua vez, responde com a evacuação arbitrária dos refugiados, sem os consultar, sem indicar para onde os vai deslocar e sem informar as equipas de voluntários que prestavam ajuda humanitária no antigo campo. Na verdade, o governo grego está a criar guetos fora das grandes cidades ou em ilhas onde não existe qualquer garantia de melhoria da vida dos refugiados. O intuito é claro: os refugiados não são bem-vindos na Europa.
Mas importa lembrar que os refugiados fogem dos seus países porque são vitimas da pobreza e das guerras imperialistas da NATO (OTAN) e U.E. A forma como o Governo Syriza/Anel tem estado a tratar os refugiados apenas vem reforçar e servir a política racista e imperialista da U.E. Presta ainda um favor à extrema direita grega e europeia que vê os seus discursos serem, em parte, postos em prática e a ganharem peso de massas.
[1] https://wagingnonviolence.org/feature/city-plaza-hotel-greece-welcome-refugees/
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