Na segunda-feira, dia 3 de abril, Bolsonaro fez uma palestra no clube Hebraica para uma plateia de 300 pessoas. Em um discurso fascista, Jair Bolsonaro chamou indígenas e quilombolas de preguiçosos e prometeu que, se for eleito presidente, vai acabar com todas as reservas indígenas e quilombolas. Afirmou, também, que não abrirá as fronteiras para refugiados e que, se depender dele, “todo mundo terá uma arma de fogo em casa”.
O discurso gordofóbico e racista
O deputado afirmou que as reservas indígenas e quilombolas atrapalham a economia. “Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí”, afirmou. “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles.”
Com esse discurso, Bolsonaro reforça o estigma de pessoas gordas, indígenas, quilombolas como preguiçosas, como se elas não trabalhassem. Isso é uma tremenda bobagem. É lógico que a vasta maioria das pessoas gordas são trabalhadoras, pessoas do povo. As comunidades indígenas e quilombolas sobrevivem a partir do próprio trabalho, da agricultura, da caça e da pesca artesanal. Além disso, Bolsonaro reafirma o estigma de pessoas gordas como pessoas de baixo desempenho sexual.
O mito de que as pessoas negras e indígenas seriam preguiçosas surgiu pelo fato dessas comunidades não aceitarem passivamente abandonar seu próprio modo de vida para submeter-se ao trabalho assalariado do sistema capitalista. O fato de que os povos nativos preferem viver com poucos recursos em vez de se submeterem ao trabalho fabril, por exemplo, fez com que capitalistas e latifundiários os estigmatizassem como preguiçosos, para justificar que fossem expulsos de suas próprias terras e empurrados a trabalhar para latifundiários e capitalistas.
O discurso xenofóbico
Bolsonaro fez ainda críticas a refugiados e afirmou: “Não podemos abrir as portas para todo mundo”. O discurso dele é obviamente hipócrita, já que ele, como todas as pessoas brancas do Brasil, são descendentes de imigrantes, a maioria pessoas que fugiram da Europa em busca de melhores condições de vida, justamente como os refugiados de hoje.
Bolsonaro não representa as pessoas judias
O fato de que Bolsonaro fez um discurso fascista, xenofóbico, racista e gordofóbico e que foi aplaudido num clube judeu não significa que ele represente todos os judeus. Muito pelo contrário, houve um abaixo-assinado promovido por pessoas judias contra a presença dele no clube Hebraica de São Paulo em fevereiro desse ano, com quase 4 mil assinaturas. O abaixo-assinado criticava Bolsonaro por ser defensor da Ditadura Militar e de seus torturadores, como o coronel Ustra. “Por tudo isso que em nome da memória de Vladmir Herzog, Iara Iavelberg, Ana Rosa Kucinski, Gelson Reicher, Chael Charles Schreier, e tantos outros judeus vítimas da ditadura, os abaixo assinados pedem que a Hebraica – SP não permita ato com Jair Bosonaro na sede do clube”, concluiu o abaixo-assinado.
Foto: Pragmatismo político.
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