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EDITORIAL

6 de Abril: Greve Geral para a Argentina

Crédito: Diego Diaz / Clarín

Por Renato Fernandes, Campinas/SP

Este 6 de abril vai ficar marcado na Argentina por uma greve geral massiva e contundente contra o governo de Mauricio Macri. Fábricas, bancos, escolas, universidades, hospitais, comércios, ônibus, metrô, trens, entre outros estabelecimentos tiveram que ficar com suas portas fechadas neste 6A em razão da greve contra a política econômica neoliberal de Macri que cada vez mais gera desemprego, inflação e miséria no país.

A greve foi também uma grande demonstração de força da burocracia sindical da Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal central sindical, e das duas Centrais dos Trabalhadores Argentinos (CTA). De acordo com as duas CTA’s, a adesão nacional foi de mais de 90%. Para um dos três líderes da CGT, Héctor Daer, a paralisação foi contundente e um grande êxito. Tanto a CGT, quanto a CTA estiveram a favor de uma greve geral para pressionar ao governo por negociações coletivas em diversas categorias e contra a política econômica. As três centrais defenderam que essa fosse uma “greve passiva” no qual os trabalhadores não fossem trabalhar e nem se manifestar.

Enquanto os trabalhadores realizavam sua greve, Maurício Macri participava de uma reunião no Hotel Hilton, em Buenos Aires, com empresários e banqueiros do Fórum Econômico Mundial para a América Latina. Suas declarações são evasivas, já que para ele nada muda com a greve. Em sua reunião, Macri, junto a burguesia imperialista que o apoia, estava preparando mais uma onda de entrega para a burguesia e de ataques as condições de vida dos trabalhadores.

A esquerda política e social na greve ativa

 A favor da greve geral, mas na defesa de uma “greve ativa”, com manifestações e piquetes, estava a esquerda social e política. Partidos de esquerda como o Partido Obrero, o Movimento Socialista dos Trabalhadores, o Partido dos Trabalhadores Socialista, a Esquerda Socialista, o Novo MAS, o PSTU e outros partidos, além de sindicatos importantes dirigidos pela esquerda radical do país, jogaram toda sua força na paralisação. Nesse sentido, desde bem cedo, a cidade de Buenos Aires foi cortada por piquetes nas principais estradas que ligam a cidade ao resto do país. Protestos de rua também foram organizados em outras regiões do país, como em Rosário, Santa Fé, Mendoza, Tucumán, entre outras.

Como resposta a essas mobilizações, o governo Macri reprimiu os piquetes, afinal, o acordado com as centrais sindicais era justamente de uma greve para “ficar em casa e tomar mate”. Dessa forma, logo pela manhã, os piquetes organizados na Panamericana foram brutalmente reprimidos pela polícia, gerando 6 presos e quatro feridos. O papel da burocracia sindical, outra vez foi lamentável, já que criticou tanto a repressão, quanto a ação dos grupos de esquerda, já que a “greve era contundente mesmo sem os piquetes” – afinal, a greve era “passiva”.

Mesmo com fortes piquetes e tentativas de mobilização, que estão sendo bloqueadas pela polícia, as mobilizações da esquerda conseguiram só parcialmente furar o bloqueio levantado pelas burocracias sindicais. No último mês, haviam ocorrido diversas manifestações de rua, com destaque para o 8M e as mobilizações de professores. Desta vez, parece que a CGT e a CTA, apesar de paralisarem suas atividades, não querem que os trabalhadores manifestem suas reivindicações em manifestações que poderiam desestrutura, ainda mais, o governo Macri.

Apesar de não superar totalmente esse bloqueio da burocracia sindical, a greve geral na Argentina e a ação da esquerda social e política demonstra o caminho: a classe trabalhadora já não aguenta pagar essa crise! E para isso, é necessário mobilizar a classe trabalhadora para derrotar os planos e também Macri! Por isso, a principal lição que devemos tomar das mobilizações de hoje na Argentina é da necessidade de construir as mobilizações por baixo, em cada sindicato, em cada base, para construir uma alternativa que não busque somente uma “melhor negociação” com o governo, como quer a CGT; mas para colocar esses governos entreguistas, como Macri e Temer, para fora, apresentando uma alternativa política a eles nascida diretamente das mobilizações de rua.