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EDITORIAL

79% não confiam em Temer

16/03/2017- Brasília- DF, Brasil- Sessão Solene de posse dos excelentíssimos ministros Doutor José Coelho Ferreira e do General de Exército Lúcio Mário de Barros Góes, nos cargos, respectivamente, de Presidente e Vice – Presidente do Superior Tribunal Militar- STM. Foto: Marcos Corrêa / PR

Despenca a popularidade do governo ilegítimo, em meio ao crescimento dos protestos contra as reformas da previdência e trabalhista.

Na última sexta-feira, dia 31 de março, foi divulgada a pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), sobre a avaliação do desempenho do governo e da pessoa do Presidente da República. Esta foi a terceira rodada desta pesquisa, anteriormente o instituto tinha realizado pesquisa em outubro e dezembro de 2016.

O resultado é categórico. Existe uma forte queda da popularidade de Temer. Os números demonstram que a maioria da população percebeu o caráter deste governo ilegítimo.

Segundo a pesquisa, 55% dos entrevistados afirma que o governo Temer é ruim ou péssimo. Esse número era de 39% em outubro do ano passado e 46% em dezembro de 2016. Na pesquisa mais recente, de março de 2017, apenas 10% dizem que o governo é bom ou ótimo e 31% avaliam ele como regular.

Mas, a avaliação pessoal do presidente é ainda pior: 79% dos entrevistados afirmam não confiar no presidente. Em dezembro, 72% afirmavam não confiar em Temer. Nesse momento, apenas 17% dos entrevistados dizem confiar no presidente golpista.

Como Temer era o vice de Dilma, e foi um dos principais articuladores do golpe parlamentar, a comparação é inevitável. Segundo os dados do Ibope: 41% dizem que o governo Temer é pior que o governo Dilma; 38% dizem que são iguais; e, apenas 18% dizem que o governo Temer é melhor que o governo Dilma.

O governo odiado pelo povo trabalhador, sequer quis comentar oficialmente a pesquisa. Com a popularidade em queda e depois de uma nova onda nacional de protestos, Temer seguiu em frente com os ataques, sancionou a Lei da Terceirização (Pl 4302) na noite desta sexta feira, 31 de março, mostrando assim mais um vez a que veio.

Apoiado pelos “de cima”
Temer parece disposto a aprovar reformas severamente impopulares, pois ele se sustenta no apoio que tem das grandes empresas e na maioria parlamentar no Congresso. A grande imprensa mantém certa distância, mas o sustenta, justificado diariamente seu projeto econômico.

Mas há uma pedra no meio do caminho. A indignação popular começa a se transformar em ação. As manifestações unificadas de 8, 15 e 31 de março já demonstram que há disposição de ir para as ruas, e que o mais provável é que os próximos meses serão de grande mobilização popular contra os terríveis ataques de Temer.

Abril será um mês decisivo
As centrais sindicais e os movimentos sociais combativos confirmaram um dia de paralisação nacional para 28 de abril. O grande desafio dos movimentos da classe trabalhadora e do conjunto dos explorados e oprimidos, nas próximas semanas, é preparar concretamente pela base esse verdadeiro dia de Greve Geral em nosso país.Sem dúvida nenhuma, o principal motor das manifestações deve ser a luta unificada para derrotar as reformas da previdência e trabalhista. Mas, no processo de fortalecimento das nossas lutas, devemos lutar conscientemente para criar as condições de acabarmos com esse governo ilegítimo ainda antes de 2018.

Durante a preparação da Greve Geral e no próprio dia 28 de abril a bandeira do Fora Temer deve ser levantada em alto e bom som.

Precisamos afirmar que não aceitaremos outra manobra reacionária, um golpe dentro do golpe, que passa tanto pela absolvição de Temer na ação do TSE que julga as contas de campanha da chapa Dilma-Temer; como na hipótese de impedimento de Temer, e a realização de uma eleição indireta de um presidente pela maioria corrupta e reacionária do Congresso Nacional. Por isso, é decisivo defender eleições gerais.

Por uma nova alternativa de esquerda e socialista
O Brasil precisa de uma nova alternativa política de esquerda e socialista, que enfrente realmente os graves problemas políticos, sociais e econômicos de nosso país. Mas, essa nova alternativa não pode repetir os graves erros dos governos do PT, que governaram em aliança com grandes empresários e seus partidos, aplicando um programa de governos que não rompeu com os interesses dos ricos e poderosos.

Portanto, a alternativa que temos que construir deve superar a política de conciliação de classes da direção do PT.

Saudamos a decisão da Executiva Nacional do PSOL de não embarcar no projeto Lula 2018, dando início a discussão de um programa e de uma pré-candidatura alternativa da esquerda socialista.

Propomos que esta discussão programática fundamental envolva o conjunto dos partidos, organizações e movimentos sociais, para que a nossa alternativa seja ampla e construída coletivamente. Defendemos uma programa de ruptura tanto com a política econômica aplicada pelo governo Temer, como também também a aplicada pelos mais de 13 anos dos governos do PT.

Nossa proposta é a construção de uma verdadeira Frente de Esquerda e Socialista, formada pelo PSOL, PSTU, PCB, movimentos sociais combativos como o MTST e organizações socialistas ainda sem legalidade.

Foto: Marcos Corrêa / PR