Nesta sexta-feira, 31, os movimentos sociais estiveram de volta nas ruas para um novo dia nacional de protestos contra a reforma da previdência, a lei da terceirização irrestrita e demais ataques do chamado “ajuste fiscal” do governo Temer. Centrais sindicais e movimentos nacionais se somaram ao chamado das frentes Brasil Popular e Povo sem Medo na convocação dos atos de hoje. Nos estados em que está organizada, também a Frente de Esquerda Socialista e blocos políticos similares engrossarão as marchas.
O mês de março marcou a volta da classe trabalhadora organizada às ruas, após os protestos nos dias 8 – Dia Internacional das Mulheres e 15 de março – cuja adesão transbordou o padrão de até então, pelo menos desde o impeachment de Dilma e a ascensão da coalização golpista de Temer. A resistência encerrará o mês de março, após os atos de ontem, em um novo patamar de presença na conturbada conjuntura do país.
Cabe mencionar, como parte desse fenômeno, o fracasso dos atos de direita, no domingo 26, convocado por MBL e seus parceiros. Com sua pauta reacionária cada vez mais explícita, essas organizações perderam poder de mobilização. Não podem tudo, menos ainda agora quando vai caindo a máscara de que esses novos movimentos de direita são, na realidade, serviçais do bloco governante – elitista e corrupto – do país.
O dia 31 de março é, primeiramente, uma oportunidade para que as manifestações em todo país sejam concebidas pelos movimentos sociais como um gesto efetivo de contestação do golpe cívico-militar de 1964. É especialmente oportuno nos dias atuais, quando uma extrema direita raivosa se atreve à reivindicar o regime militar. Como diz o famoso lema: “para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça”.
Evidentemente, paralelos entre aquele golpe e o que recém sofremos no Brasil induzem a equívocos teóricos e políticos. Afinal, o golpe parlamentar, cujos desdobramentos vivemos hoje no Brasil, teve características e implicações inteiramente distintos. Contudo, é interessante resgatar que hoje estamos em luta contra um ajuste draconiano levado a cabo pelo governo golpista, cujo alvo central são as conquistas dos trabalhadores, ainda que limitadas, consagradas na Constituição de 1988 – precisamente aquelas arrancadas no ascenso da luta social durante a queda do regime militar.
Diante do crescimento da indignação popular e do sucesso das últimas manifestações, as centrais sindicais finalmente entraram em um acordo para convocação de uma greve geral, no próximo dia 28 de abril. Dessa maneira, os protestos desta sexta-feira foram convocados como uma espécie de ensaio para a greve geral de 28 de abril. As manifestações de ontem serviram como um passo para uma preparação eficaz da mobilização de abril.
Isso porque o fato de que as centrais sindicais majoritárias tenham convocado essa paralisação nacional não implica que suas burocracias estejam comprometidas até o fim com um processo de mobilização construído pela base. É tempo de aproveitar a oportunidade da convocação do dia 28 para impulsionar reuniões e plenárias nos bairros e locais de trabalho, bem como todo tipo de iniciativa que concretize a preparação da greve geral.
O protestos ocorreram em todo país, nas capitais e cidades médias, foram evidentemente maiores do que os atos da direita, convocados para domingo 26 de março. Em geral foram menores do que o dia 15 de março, fato que deve ser encarado com naturalidade, já que se prepara uma greve geral para 28 de abril.
Veja um resumo do 31M nas principais capitais:
São Paulo | Mais uma vez os professores foram o setor mais expressivo do ato. O ato reuniu cerca de 50 mil pessoas.
Rio de Janeiro | Na capital carioca o protesto reuniu cerca de 10 mil pessoas.
Belo Horizonte | Assim com ocorreu no dia 15 de março, o protesto foi expressivo na capital mineira, cerca de 50 mil pessoas participaram da manifestação que ocupou as ruas do centro de Belo Horizonte.
Natal | A mobilização surpreendeu a todos levando mais pessoas para as ruas do que o dia 15 de março. Cerca de 10 mil participaram do protesto.
Fortaleza | 15 mil pessoas protestaram nas ruas de Fortaleza. O ato teve adesão espontânea de muitos trabalhadores e jovens. As categorias se prepararam para a paralisação do dia 28 de abril.
Recife | Cerca de 15 mil manifestantes participaram das mobilizações em Recife. Houve forte repressão policial e um manifestante continuar detido.
Belém | O protesto ocorreu pela manhã e reuniu 4 mil pessoas.
Curitiba | O dia começou com uma Audiência na Assembléia Legislativa do Paraná. No final da tarde houve um ato cultural na Praça Carlos Gomes.
Brasília | O protesto teve entre 800 e 1000 pessoas, as centrais majoritárias não tiveram papel de destaque, presença forte de jovens estudantes.
Porto Alegre | 5 mil pessoas foram às ruas de Porto Alegre.
Foto: Thiago mahrenholz
Comentários