Por: Italo Laredo, de Belém, PA
No sábado (25 de março), dia anterior à data do ato contra a “corrupção” e da “renovação política”, os organizadores (MBL, Vem pra Rua) estavam esperançosos em relação ao número de manifestantes que iriam se somar nos atos. Mas, frente ao fiasco do domingo, a organização afirma que o número de pessoas nas ruas não é um sinal de que os atos fracassaram.
Mas, os atos fracassaram, sim. E o fracasso do ato dos coxinhas, combinado com o fortalecimento e a ampliação da resistência popular contra os ataques do governo ilegítimo, como vimos nas manifestações dias 8 de março e 15 de março, são sinais de que é possível virar o jogo.
O governo está encontrando resistência da sociedade para aprovar as reformas que a burguesia deseja. A aposta, agora, é reverter o jogo em campanhas apelativas. Não é suficiente, unicamente, para o governo, a maioria do Congresso para aprovar as reformas da Previdência e Trabalhista. Faz-se necessário também consentimento popular para evitar possíveis revoltas no país, temendo, assim, um novo junho de 2013.
É evidente, portanto, o desespero do governo nas sucessivas propagandas políticas transmitidas pelas grandes mídias, com a finalidade de ganhar aceitação. “O presidente certo, na hora certa” é um dos exemplos das campanhas nacionais para vender a imagem de que “o presidente Temer” [várias aspas] é a melhor opção para enfrentar todos os desafios para retirar o Brasil da crise que os governos do PT o colocaram. Mas, não está dando muito certo, não.
Em meio ao fracasso e ao desespero, significa que a direita está derrotada? A resposta é um categórico não. O enfraquecimento considerado do potencial de mobilização dos movimentos de direita e o desgaste do “governo Temer” têm uma relação de causa e consequência com o contra-ataque da classe trabalhadora e da juventude. A materialização da insatisfação diante das saídas econômicas sugeridas pelo governo é observada no fenômeno que foi as ocupações de escolas e universidades em todo país e, recentemente, nas grandiosas manifestações nacionais contra as reformas da Previdência e Trabalhista.
Em outras palavras, todo mundo deseja que o Brasil saia da crise, mas, perder o direito de se aposentar, por exemplo, é o convite para muitos coadjuvantes tomarem o protagonismo e assumirem um papel de destaque no cenário político. No entanto, ainda é muito cedo para afirmar que a direita fora derrotada.
É bem verdade que a agenda do “presidente Michel Temer” continua com datas marcadas para aprovar o restante dos itens do pacote de maldade. No checklist do governo já está riscado a PEC 55. Uma vez aprovado, congelou os gastos públicos nas áreas sociais (saúde, educação, etc.) por vinte anos. Agora, o governo tem muita pressa para conseguir cumprir com os demais itens de sua lista, podendo até aproveitar a calada da noite para terminar esse plano diabólico, como prontamente fez com a Lei da Terceirização. Isso quer dizer que o governo não descansa. E por que nós deveríamos?
Nesta trama, não pode existir amadorismo, ou comemorações antes do momento. Devemos confiar nas forças das ideias, na mobilização das massas, no protagonismo das lutas. Nenhuma fábrica, empresa, instituição, escola, universidade deve funcionar no dia 28 de abril. Greve geral no país!
Portanto, faz-se necessário lançar mão do orgulho, do individualismo, da vaidade. A palavra de ordem no momento é unidade para derrotar o governo. Só assim poderemos revidar e revidar com classe. Não se pode hesitar um só instante de lutar para defender nossos direitos que estão sendo ameaçados. Ocupar as ruas é a prova maior de que, juntos, nossa força se torna mais poderosa do que os deputados, senadores e o presidente. Não devemos aceitar nem um direito a menos e acabar, literalmente, com o sossego desses pilantras.
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