Pular para o conteúdo
Colunas

15 de março: Pela vida das mulheres e para derrotar as Reformas de Temer!

Silvia Ferraro

Feminista e educadora, covereadora em São Paulo, com a Bancada Feminista do PSOL. Professora de História da Rede Municipal de São Paulo e integrante do Diretório Nacional do PSOL. Ex-candidata ao Senado por São Paulo. Formada pela Unicamp.

Por Silvia Ferraro, Colunista do Esquerda Online

Rosângela, 35 anos. Trabalha na colheita da laranja desde os 14 no interior do estado de São Paulo, mas só passou a contribuir com a previdência a partir dos 20. Tem 3 filhos pequenos, o mais novo tem 2 anos. Rosângela é casada com Pedro, também trabalhador rural. Provavelmente Pedro irá falecer antes de Rosângela. A expectativa de vida dos trabalhadores rurais é mais baixa do que dos trabalhadores urbanos, pelas mais penosas rotinas de trabalho e condições de vida. Pelas novas regras do projeto da Reforma da Previdência, Rosângela se aposentará aos 65 anos e quando isso acontecer, irá perder o benefício que recebia pelo falecimento do seu marido. Rosângela morrerá aos 70, terá trabalhado 51 anos e terá direito a apenas 5 anos de aposentadoria e ainda não será com o salário integral, pois não completou 49 anos de contribuição.

Patrícia é uma jovem professora em Belo Horizonte. Começou a lecionar aos 23 anos. E agora está com 30 e já teve sua primeira filha. Patrícia leciona em dois empregos para sustentar a família, pois seu companheiro metalúrgico, faz parte dos 12 milhões de pessoas desempregadas no Brasil. Patrícia, que iria se aposentar aos 55 anos, agora só conseguirá se aposentar aos 65. Irá trabalhar 10 anos a mais e mesmo assim não conseguirá que seja com o salário integral, pois ao todo terá contribuído por 42 anos e não 49. Patrícia, apesar de ter trabalhado toda a sua vida em dois cargos como professora e contribuído pelos dois, só irá conseguir se aposentar em um único cargo.

Júlia, 18 anos. Trabalha como vendedora no Rio de Janeiro. Conseguiu uma bolsa para cursar faculdade à noite pois seu sonho é ser professora de crianças. Mas Júlia engravidou e com a filha pequena, teve que deixar a faculdade. Júlia vai trabalhar a vida toda como vendedora, e ficará desempregada em vários momentos, pois é um emprego com muita rotatividade. Júlia só vai conseguir se aposentar aos 65 anos, mas vai receber apenas 70% do seu salário pois só contribuiu por 40 anos ao todo.

Dolores, 44 anos. Mora na Cidade Tiradentes, zona leste de SP. Ela é diarista, não consegue emprego formal. A expectativa de vida para as pessoas que moram na cidade Tiradentes é de 54 anos. Dolores começou a pagar o INSS como autônoma para ter direito a aposentadoria por idade quando completar 60 anos. Com as novas regras da Reforma, Dolores só conseguirá se aposentar aos 70, mas o seu benefício não chegará a um salário mínimo, pois o BCP (Benefício de Proteção Continuada) será desvinculado do valor do salário mínimo. Dolores se aposentará aos 70, recebendo 500,00, mas morrerá aos 71. Sua neta, de 10 anos que morava com ela, terá que ir morar com uma tia no Maranhão, terra natal de Dolores.

Michel Temer, 76 anos, filho de cafeicultor, se aposentou aos 55 anos pelos cargos políticos que ocupou, recebendo o “benefício” de 30 mil reais. Sua proposta de Reforma da Previdência vai retirar de 5 a 15 anos de aposentadoria das mulheres trabalhadoras rurais e empregadas domésticas, em sua imensa maioria mulheres negras, que trabalham desde muito pequenas. As mulheres trabalhadoras, que já recebem em média 30% a menos do que os homens, e trabalham 8 horas a mais por semana, estão recebendo o maior ataque a um direito histórico de gênero. Além disso, Temer, no 08 de março, disse que o lugar das mulheres é fazendo compra nos supermercados e cuidando do lar.

Por todas as Dolores, marcharemos dia 15, para derrotar as Reformas de Temer!