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OPRESSÕES

Amor, sexo e invisibilidade lésbica

Por: Bruna Quinsan, Maria Fernanda e Raíra.

Na última quinta (2/3) o programa Amor & Sexo se propôs a falar sobre a luta do movimento LGBT. Não precisamos aqui entrar na polêmica sobre o tipo de feminismo da Rede Globo, que podemos afirmar que não é o feminismo que nos liberta. Mas, apesar de ser a Rede Globo e apesar de ser a Fernanda Lima, é extremamente importante apresentar a discussão sobre gênero e sexualidade em rede nacional, ainda mais nos tempos sombrios em que vivemos. Certamente será a partir disso que muitas pessoas buscarão mais informações sobre o tema e refletirão sobre seus pensamentos e atitudes.

O propósito deste texto é discutir a invisibilidade lésbica presente mais uma vez em um programa que tratava das pautas LGBTs. Não nos levem a mal, não estamos tentando desmerecer a participação de pessoas como Liniker, Linn, Assucena e Raquel, não estamos tentando ignorar o fato de o Brasil ser o país que mais mata travestis e transexuais no mundo ao mesmo tempo que é o país que mais consome pornografia trans e muito menos tentando fazer ou legitimar um discurso de olimpíadas da opressão.

Mas, queremos questionar algumas coisas. Queremos questionar o porquê de não haverem mulheres lésbicas na mesa, cantando ou performando. O porquê de sermos chamadas de “menina gay” e “mulher homossexual” e não de lésbicas. E o porquê de Liniker ter esquecido de incluir lésbicas quando lembrou em rede nacional que nosso país é o que “mais mata travestis, transexuais, homossexuais e bissexuais no mundo”.

Nunca se é utilizado “homem lésbica” para se referir a homens gays, pois não faz o menor sentido. Então porque é comum se utilizar “mulher gay” para se referir a mulheres lésbicas? Não mobilizar o termo lésbica só corrobora com nosso apagamento. Ora, a discussão não é nova. Há muito tempo nós, mulheres lésbicas, reivindicamos nossa visibilidade e gritamos que não somos “homossexuais femininos” e que nossas vivências são bem diferentes das de homens gays para sermos tratadas como seus correspondentes femininos.

Mulheres lésbicas são invisibilizadas em todos os espaços. Somos fetichizadas ao mesmo tempo que somos motivo de nojo, somos desprezadas em casa e violentadas na rua, não temos atenção à nossa saúde e nem dados confiáveis sobre a violência que sofremos, impedindo que sejam criadas políticas públicas de combate à lesbofobia. Mas, nós, LÉSBICAS, FANCHAS e SAPATONAS, existimos, resistimos e estamos na luta contra a LGBTfobia e o machismo.

Foto: redes sociais.