Editorial 17 de Fevereiro |
Um astrônomo Russo previu para o dia 16 de fevereiro o fim do mundo. Segundo seus cálculos isso aconteceria com o impacto de um asteroide chamado 2016 WF9 sobre a terra. A notícia viralizou nas redes sociais e foi motivo de muitas piadas.
O mundo não acabou, mas…. Existem motivos sérios para os brasileiros estarem muito preocupados. Estamos entrando nos meses mais decisivos das vidas de milhões, de toda uma geração.
Michel Temer, a imensa maioria dos parlamentares do congresso nacional, o judiciário e os grandes poderosos do Brasil estão unidos em um plano sinistro de ataques a direitos históricos da classe trabalhadora.
Muitos ativistas, com razão, lembram do terrível ano de 2016. Foi o ano da manobra parlamentar reacionária que derrubou Dilma Roussef(PT) pelas mãos da burguesia e do parlamento corrupto. Foi o ano da aprovação da PEC 55/241 ou da PEC do “ fim do mundo”, que limitava os gastos sociais nos próximos 20 anos no Brasil. Na cabeça de muitos, na virada do ano, na tradicional festa de confraternização, o grito era “abaixo 2016”.
Até o presente momento devemos alertar que as consequências do golpe parlamentar de 2016 e a ofensiva da burguesia de retirada de direitos continua. Infelizmente 2017 tem sido essencialmente a continuidade de 2016.
Há um fato novo que precisamos acompanhar com atenção. Com as delações da Odebrecht a Lava Jato pode atingir o governo Temer é uma parte considerável dos congressistas. Os golpistas podem sofrer com o próprio veneno.
Preparar a virada
Nos últimos trinta anos podemos lembrar com orgulho da força da classe trabalhadora e do povo brasileiro. O que seria de nós se não fosse a coragem dos que disseram: chega!
Dos milhares que foras às ruas e colocaram para fora a ditadura. As grandes greves do ABC e o impulso dos milhões ecoaram por todo país: Diretas já! Os que foram para as ruas nos anos 80 por mais direitos e fizeram a grande onda de greves dos anos 80.
Como não lembrar também dos milhares de jovens que foram para a rua e derrubaram Collor em 1992. Junho de 2013 nos apresentou uma força social jovem, com rosto de mulher e negra que mostrou a sua força na luta por mais direitos.
Somos herdeiros dessa tradição. Muitas gerações que lutaram por um Brasil mais justo e solidário.
Estamos perante um novo momento histórico. Temer, a burguesia, o congresso nacional e o judiciário, com todas as suas rusgas e atritos, apresentam em comum acordo um plano de reformas que ameaça o Brasil de sofrer uma regressão histórica. Estão nos desafiando.
A reforma da previdência, a reforma trabalhista, o ataque ao direito de greve, a reforma do ensino médio, privatizações de empresas estaduais como a CEDAE(RJ), a privatização de portos, aeroportos e rodovias, o ajuste fiscal nos estados são os ataques em curso. Caso essas medidas sejam aprovadas o Brasil regredirá socialmente e aumentará ainda mais as desigualdades e a pobreza para o nosso povo.
Chegou o momento de unir os trabalhadores, a juventude, os sem teto, os sem terra, o povo pobre em uma grande frente única para enfrentar a aliança sinistra de Temer. A história dos últimos 30 anos mostrou que quando desafiada, a força da classe trabalhadora em união com os interesses do povo pobre, foi capaz de provocar medo na Avenida Paulista e nos governos de plantão. Chegou o momento de fazermos isso de novo. Fomos desafiados e precisamos responder a altura!
15 de março contra as reformas de Temer
O governo apresentou calendário que propõe a votação da reforma da previdência até o final do mês de abril.
As centrais sindicais acordaram um calendário de lutas para o mês de março. Estão previstas mobilizações nos dias 8, 15 e 31 de março. Movimentos sociais também estão construindo um plebiscito popular contra as reformas de Temer. Uma iniciativa fundamental para levar o debate para as bases dos trabalhadores e da juventude. Para construir a mobilização não basta marcar a data, será preciso explicar, convencer, formar uma massa crítica às reformas de Temer.
Para isso a unidade é decisiva. Devemos buscar construir uma mobilização unificada que não repita a fragmentação das mobilizações de novembro de 2016.
As centrais sindicais, a Frente Povo Sem Medo, a Frente Brasil Popular, os partidos políticos da esquerda, os movimentos de juventude, o MTST, o MST e todos os movimentos sociais podem e devem se unir. Está em jogo os interesses da classe trabalhadora e do povo pobre.
As ruas estarão em disputa. As organizações de extrema direita, fortalecidas pelo golpe parlamentar, já preparam suas mobilizações. A base social que foi as ruas pedindo o impeachment, ou seja, os setores mais abastados das classes médias urbanas estarão de novo em campo. Já existe uma mobilização marcada pelo MBL e pelo Vem pra Rua para o dia 26 de março. O eixo dessas mobilizações é a defesa das reformas e da operação lava jato.
Neste sentido, a mobilização do dia 15 de março tem grande importância. A medição de forças também se dará nas ruas. É preciso uma demonstração de força do proletariado organizado.
Existe um ditado no Brasil que o ano só começa depois do carnaval. Estamos no ano que começou em 2016. É preciso virar esse jogo!
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