Por Will Mota, de Belém.
O ano de 2017 começou com o anúncio de reajuste no preço das passagens de ônibus em várias capitais. Em geral são reajustes extremamente abusivos, muito acima da inflação e do poder aquisitivo da maioria da população, sobretudo num momento de grave crise econômica e social.
Em Belém, por exemplo, a SETRANSBEL, que é a máfia dos empresários que controla a prestação do serviço, está propondo um reajuste de 26%, sendo que a inflação do período (de maio de 2015 – quando houve o último aumento – até janeiro de 2017) foi de 14%. A passagem sairia dos atuais R$ 2,70 para R$ 3,40.
Esse tipo de reajuste representa um brutal ato de vandalismo do Estado contra a sociedade, pois depreda um direito social fundamental que é o direito ao transporte público, além de ser um ataque a liberdade constitucional elementar, que é o direito de ir e vir do povo trabalhador.
O acesso à educação, à cultura, ao emprego e ao lazer da juventude e dos trabalhadores depende da capacidade das famílias poderem pagar as passagens no transporte coletivo. Reajustes abusivos como os que estão sendo propostos em várias capitais nesse momento significa aumento da evasão escolar e um empurrão ao mundo do crime para milhares de jovens pobres do país.
O grande problema dos sistemas de transporte coletivos das grandes capitais reside no fato de que um direito social fundamental como o transporte público é controlado por interesses privados de um punhado de empresários que monopolizam a prestação do serviço e sequer divulgam as planilhas de custo.
Só quem lucra com esse modelo são os empresários e os políticos que tem suas campanhas financiadas por esses mafiosos.
Enquanto o transporte público for tratado como mercadoria, como fonte de lucro de poucos que nem se locomovem de ônibus, barcas ou metrôs, o transporte coletivo nas cidades continuará sendo um sofrimento para a maioria do povo trabalhador e um mecanismo de exclusão e negação de direitos.
É preciso mudar essa lógica. Ao invés de ser fonte de enriquecimento de poucos, o transporte público precisa ser subsidiado pelo Estado por meio de recursos públicos, tal como ocorre com o SUS ou com a educação pública.
Contra o vandalismo do Estado e em defesa de nosso direito de ir e vir, vamos tomar as ruas contra o aumento das passagens e em defesa de transporte público de qualidade.
Foto: Mark Hillary
Comentários